Londres – Museu da Guerra

Nosso plano ontem era visitar o Museu da Guerra e mais alguma coisa. Não deu tempo: mesmo com as exposições das duas Grandes Guerras fechadas, a visita levou 4 horas. Há uma exposição sobre a vida de uma família em Londres durante os bombardeios alemães da II Guerra. E depois disso, a exposição sobre o Holocausto. Lembram que eu falei da capacidade humana de produzir arte depois de ver Billy Elliot (o musical)? Então: a gente tem essa outra capacidade também. Eu resisti bravamente até quase o final da exposição. Só que aí veio o modelo em escala de Auschwitz. Ao lado da maquete, uma pilha imensa de sapatos atrás de uma vitrine. Antes de entrar nas câmaras de gás, os prisioneiros tinham que tirar os sapatos. Eram muitos, muitos pares de sapato. Cada par pertenceu a uma pessoa cujas cinzas foram usadas para fertilizar o solo alemão. Quando a gente chega a um lugar em que tem que tirar os sapatos — um restaurante japonês, a casa de uma pessoa com TOC — a gente sabe que na volta vai se calçar de novo e voltar pra casa. Em Auschwitz, não.

6 comments

  1. A pilha de sapatos foi uma das coisas que mais me marcou tb! E as cartas! Li umas duas cartas que foram jogadas de dentro do trem qdo eles estavam sendo levados! Terrível!
    Elas estavam lá?

  2. (momento gay) MC é muito bom ler seus textos novamente, ri muito com a história ada Piscina, continue escrevendo, sobre qualquer coisa. Quem sabe um dia vc ainda volta para a bíblia.

  3. Marcurélio, filho meu! (nessa parte, vou subentender teu “eis-me aqui”, afinal, você não é doido de não me responder. Ah! Escrito, sem a sonoplastia da Voz de Trovão não é a mesma coisa, mas tente imaginar isso ressoando e reverberando, com um gravão, estilo “baixo profundo”, saindo daquelas caixas de som mal reguladas que também são usadas como veículos automotivos. Criada a ambientação, prossigamos). Eis que te digo que necessário é que retomes a obra que iniciaste. A palavra precisa continuar a ser disseminada, afinal, como ouvirão se não há quem pregue? (esqueci a referência. Ah, tá! Nem me venha com piadas sobre minha onisciência). Se assim fizeres, benditos serão os teus rebanhos e a tua colheita, e se dispersarão todos os gafanhotos das tuas plantações (se tivesse mandado algum mensageiro, ele enfeitaria com uns labassúrias e outros decantarábias, mas eu posso me poupar desse trabalho). Serás bendito se obedeceres a minha voz. A minha graça te basta (agora, imagine um clarão nos céus que você mal pode encarar e que subitamente se esvai. Daí, uma brisa fria toca tua pele, causando um leve arrepio. É meio gay, mas é a forma simbólica mais convincente de dizer: #PartiuCéu).

  4. Marcorélio (é, acompanhava ali pelos idos de 2009, acho… Talvez desde antes, não sei direito.) eu. Sou. Muito. Sua. Fã. E da Ana Cartola também. Foram praticamente vocês quem me apresentaram ao mundo dos blogs bem escritos.
    Não sei porque deixei de acompanhar… Mentira, sei. Era que também havia passado por um período extremamente dolorido e logo depois ler a sua dor foi demais pra mim. (Aliás, naquela época comentei algo como compreender alguns pensamentos que você tinha.)
    De qualquer forma, eu só queria que foi ótimo ver que isso aqui ainda é atualizado e com a mesma graça que você sempre teve com a pena.
    Sou tua fã mesmo!
    Relda Mara

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