Center Norte, alegria. ¬¬

Existe um shopping center em São Paulo chamado Center Norte. Eu odeio shoppings, mas odeio muito mais o Center Norte. Está sempre cheio, estacionar é quase impossível. As lojas ficam todas num piso só, é tudo muito confuso, sempre me perco. Odeio.
Então eu estava precisando comprar bermudas e para onde eu fui? Pois é. Numa sexta-feira à noite. Perto do Natal. Black Friday. Eu não sou muito inteligente.
Cheguei e fiquei dando voltas no estacionamento. Muitas voltas. Sabe aquele disco Gita, do Raul Seixas? Tocou mais da metade e ainda chegou na segunda música do disco seguinte, o Novo Aeon (a segunda música, muito adequada à ocasião, é o Rock do Diabo). Raul Seixas lá pedindo um porco vivo pra encher a pança (mais dois quilos de alcatra com moqueca de esperança), quando me aparece a vaga perfeita. Perto da porta, com marquise em frente para proteger da chuva que estava naquele vai-não-vai. Uma senhora entrou no Corolla que ocupava a vaga, ligou o carro. Eu mantive uma distância respeitosa e dei seta. Outro carro embicou. Eu avancei um pouco, o cara abriu o vidro para explicar: não queria a vaga, só queria passar pra deixar as filhas no shopping. Muita gentileza dele me avisar, dei passagem. Ele passou, continuei lá. A senhora não tinha muita noção de espaço, como eu também não tenho, então fui um pouco mais pra trás. Ela saiu da vaga, eu dando seta. Ela ajeitou o carro, eu dando seta. Ela partiu, eu dando seta, o Raul Seixas dizendo que foi o Diabo mesmo quem lhe deu o toque, e um corno filho de uma puta remelenta que estava atrás de mim (o corno, não a puta da mãe dele) acelerou para pegar a vaga.
Eu achava que isso só acontecesse em seriado americano. Uma pessoa está sinalizando para entrar numa vaga esperando que o ocupante anterior saia, aí vem um folgado e entra na frente. Esse cara tinha um jipão branco. Um Farmer XL Gold 2013. Sei lá, entendo nada de carro. Era um desses carros de luxo. Nêgo agora tá com essa mania de comprar carrão com cor de táxi, vai entender. O cara acelerou o jipe dele. Quanto custa uma porra dessas? Uns 200 mil, por aí? Eu dirijo um Civic 2001, na última vez que eu tive curiosidade de olhar o valor de tabela era 17 mil. Se meu carro amassa, eu deixo amassado, foda-se. Um sujeito com aquele carro tão chique, tão grande, não vai querer sair por aí com o carro amassado. O carrão compensa o pinto pequeno, seria como se um de nós andasse por aí com o pinto amassado na lateral da chapeleta.
Acelerei também. O rapaz do pinto pequeno ficou brabo, uma mão enfiada na buzina e a outra no rabo, rasgando de raiva. Nem liguei. Entrei na MINHA vaga. O moço saiu cantando pneu. Raul Seixas já estava cantando Eu Sou Egoísta. Muito adequado, Raul. Desliguei o carro e saí assoviando.

5 comments

  1. É foda. Também não deixo entrar, não pela vaga, e sim porque é errado, é injusto.
    Nego é folgado, principalmente esses de Farmer.
    Eu arrumo meu carro quando tá muito soado, em batches. Também tenho um Civic, mas é um pouco mais novo, 2004. Modelo novo! Rá!

  2. aconteceu isso comigo ontem, estávamos também inteligentemente nos dirigindo pro centro (minha mãe mora lá) e a ponte da vila guilherme tava tudo parado, e o lindão meteu a pickup novinha na nossa frente pra entrar na pista, nem deu seta e atravessou 3 pistas na grosseria. que vinha do acesso da marginal.
    Maridon não teve dúvida, nosso Fit ja tava todo ralado mesmo, pickup brilhando ganhou tatuagem na lateral.

  3. Também amo demais o Center Norte.
    Uma vez tive uma idéia brilhante parecida com a sua. Fui para aquela sucursal do inferno perto do Natal.
    Rodei tanto procurando vaga que meu carro, um gentil Gol 1.0 1998 (chique!) superaqueceu.
    Delícia de lugar!

  4. Já aconteceu comigo também, eu sempre respeito quando vejo que já tem alguém dando seta pra uma vaga, mas sempre tem gente que quer dar uma de esperto, finge que não viu e se você bobeia enfia o carro na sua frente e entra na tua vaga, é a educação brasileira em ação!

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