Depois de 35 anos de vida (que completo hoje [os 35 anos, não a vida]), resolvi tratar de um dilema antigo. Eu preciso de um nome menor. Esse Marco Aurélio Gois dos Santos aí ocupa um espaço danado, parece um trem (isso sem falar nesse Gois errado, sem acento). Nas revistas em que trabalhei, só eu ocupava duas linhas do expediente. E agora meu nome leva horas para passar nos créditos finais do CQC: é como se fosse eu mesmo passando, largo e pesadão. Tem vinhetas no meio do programa que são mais rápidas do que a passagem do meu nomão. Marco Aurélio Gois dos Santos. Dava pra tatuar esse nome em volta da minha cabeça, de tão grande que é.
O nome comprido sempre foi um problema. Quando eu trabalhava com coisas de informática, o pessoal que mandava fazer os cartões de visita não tinha dó: sapecava lá um Marco Santos ou Marco Aurélio Gois, e pronto. Adotei o Marco Aurélio dos Santos por muito tempo. Aqui dentro da minha cabeça, era uma questão de justiça. Meus dois irmãos sempre usaram só o Gois. Eu achava isso uma injustiça, então adotei o sobrenome paterno . E estava muito feliz com isso, até inventar de ir a Estância, terra de minha avó materna, e conhecer todos os Gois e Góes de lá (a família não decidiu até hoje a grafia do nome). Por questão de identidade com aquele povo todo, reincorporei o sobrenome materno.
Foi difícil convencer os chefes a botar meu nome completo no expediente e nas matérias que eu escrevia. Então inventei uma desculpa metida a engraçadinha: dizia aos chefes de redação que eu queria ser o maior nome do jornalismo de TI do Brasil. Eles achavam graça e deixavam. Tentei aplicar essa piadinha manjada na produtora quando entrei lá — “É que eu quero ser o maior nome da televisão brasileira” — e fui brindado com olhares de gelado desprezo. Devem ter pensado que era sério, sei lá.
Então, como já disse, eu precisava de um nome menor. Mas como? Essa “questão de justiça” com os dois sobrenomes pode ser só sintoma de TOC (quem convive comigo diz que eu tenho isso aí), mas e daí? Eu continuo precisando dos nomes todos. Às vezes eu penso em espremer tudo em um pseudônimo metido a besta, e invento monstruosidades como Maurélio Gossan, que soa meio armênio, ou Aurélio Goissanti, que tem um jeitão de italiano meio bicha.
E eu sei lá por que estou escrevendo isto. Fiquem aí com minha foto do braço quebrado:

Tamãe da moringa...


Tchau.