Cantores de Ébano

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Leva eu, sodade!


Eu deveria estar dormindo, ou pelo menos escrevendo um capítulo novo (em breve, juro!). Em vez disso, estou aqui ouvindo belas canções de Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano, grupo vocal brasileiro dos anos 60 inspirado no gospel (o de verdade, não aquela xaropada neopentecostal). Alguns de vocês devem conhecer mais do que eu, outros podem lembrar-se do maior sucesso do grupo, Leva Eu, Sodade. A voz de baixo profundo nessa música é de Noriel Vilela, que mais tarde veio a gravar Dezesseis Toneladas, canção que se tornou hit durante o recente revival do samba-rock. Agora alguém vai dizer que a música é do Funk Como Le Gusta. Não acreditem: trata-se de uma regravação de segunda categoria. Vão atrás do artigo original, e entenderão o que estou dizendo. O timbre grave da voz do negão é inimitável.
Dezesseis Toneladas foi a razão de minha busca no Soulseek por mais canções de Noriel Vilela. Encontrei o disco Eis o Ôme, que traz várias músicas de macumba, entre elas a impagável Só o Ôme, receita de despacho apresentada a mim pelo Polzonoff há alguns anos.
Empolgado, saí em busca de gravações dos Cantores de Ébano. Encontrei dois discos maravilhosos, com canções de temáticas diversas — duas delas em inglês canhestro — mas todas com arranjos vocais de cair o queixo. Destaco Vai Lá Moisés, versão em português de um velho spiritual americano. É de arrepiar qualquer um que não seja indiferente aos mistérios da religião. Além disso, a abrasileirada da letra (Quando os judeus eram escravos / Sofreram mais que condenados / Então Deus disse: / Vai lá / Moisés / Lá dentro do Egito / Vá dizer ao faraó / Deixe meu povo ir) me fez lembrar com carinho dos tempos áureos deste blog.
Procurem os CDs por aí, ou baixem as músicas. Vale o esforço da garimpagem.

E leiam mais aqui, onde eu roubei a capa do disco.

19 comments

  1. Ainda essa semana disponibilizei em meu blog o texto de um filme (O Sabor da Melancia) produzido em Taiwan que entre vários outros clipes traz uma versão da música 16 toneladas cantada na língua deles e com o personagem principal (que é um ator de filmes pornôs no filme) dançando fantasiado de pênis gigante. É simplesmente insano o clipe, lá tem o link pra vc ver, vale a pena pela curiosidade.

  2. Noooooossa, fazia tempo que eu não ouvia ninguém falar disso! Eu descobri que esses caras existiram por causa do ecletismo musical do meu pai, que adora um vozeirão e é viciado em Emule. Realmente é de cair o queixo. Me lembra muito The Platters.

  3. Esse blog ainda tem seus tempos áureos…
    Você só tem que voltar ao foco.
    Seja nos tempos áureos, seja agora, este blog nunca teve foco. Acho que você andou lendo o blog errado.
    Marco Aurélio

  4. Eu gosto muito da versão deles para Down by the Riverside. Eu tinha uma fita cassete deles muito boa. Preciso achar no meio da velharia e passar pra cd. Grande lembrança!

  5. Nossa, estava pensando essa semana em como eu queria achar coisas “novas” (novas = que eu não conheço) e boas nesse estilo. Vou procurar.
    Beijo e beijo na patroa.

  6. Viu… Uirapuru não é deles não? só sei essa, e se forem, vc esqueceu do hit do momento. E se não for, me f.
    Um abraço!
    É deles sim. Beleza de música. Tinha me esquecido, essa é bem conhecida mesmo. Mas por que “hit do momento”?
    Marco Aurélio

  7. Lembrei do Cameron, em “Curtindo a vida adoidado”, cantando o original do “Vai lá, Moisés” (que eu nem sei o nome)…
    “Cameron: [singing] When Cameron was in Egypt’s land… let my Cameron go!”

  8. Mei avô baiano, Francisco Bonifácio Rodrigues, crente, lá de Vitória da Conquista, adora “Leva eu, sodade” e a assobia até hoje quando se concentra em algum pequeno serviço – que aliás são muitos. Nunca encontrei nem no Soulseek nem pela internet álbuns completos dos Cantores de Ébano. Mas já li ali em cima que alguém disponibilizou o dito cujo.
    Teremos um velho baiano feliz, quando receber um CD com várias músicas deles.
    Obrigado, Corélio. Mesmo. =)

  9. cara, adoro esse grupo, mas vim conhecê-lo somente em 1982. Foi muito bom. Ouvia bem cedinho todas essas música. Na verdade eu gostova muito de “lenda do Abaeté”, Dorinha, Vaqueiro prevenido e Uirapurú, cujo compositor dessas duas ultimas é o Dinho Jacobina e outro. O Jacobina ainda vive Em Varzea do Poço – Sertão da Bahia, onde nos encontramos há cada 2 anos.
    adorei.
    abraço.

  10. Meu pai canta as músicas do Nilo Amaro e seus Cantores de Ébano, desde que eu sou pequeno…
    Cresci ouvindo meu pai entoar: “Uirapuru, uirapuru… Seresteiro cantador do meu sertão”… E: “Ô leva eu, minha sodade…”
    Muito bom. 🙂

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