O portal da B2B Magazine, revista para a qual trabalho, está no Top 10 do grupo B2B dentro da categoria Comércio Eletrônico do Prêmio iBest. No site vocês podem ver, por exemplo, a nota que fez com que o Google me odiasse. Nessa entrevista concedida ao Valor Econômico, Alexandre Hohagen, presidente do Google no Brasil, cita minha nota como um dos percalços para a empresa em 2005. Fiquei muito orgulhoso, como vocês podem imaginar. Diz a nota:

Embora traga algumas dores de cabeça — como a imagem publicada pela “B2B Magazine” —, a gigantesca atenção que a empresa está chamando na mídia facilita o trabalho.

Além disso, fazendo cadastro no site, vocês podem ter acesso às edições impressas da revista. O cadastro é gratuito, e vocês terão acesso a matérias da melhor qualidade sobre tecnologia e negócios. É sério. A empresa não é lá essas coisas, mas a equipe é muito boa. Há até matérias minhas: As pessoas na berlinda, sobre o papel importante dos usuários na segurança da informação; e Contrato Fechado, sobre exportação de software (minha primeira matéria foi capa, não sou fraco não).
Enfim: dêem uma olhada por lá e, se gostarem, votem.

Tentando comprar o Balde de Gelo, melhor livro sobre relacionamentos já escrito em toda a história do universo conhecido? Cansado dos prazos das lojas on-line, e de não encontrar essa preciosidade nas livrarias? Pois bem, problema resolvido! O Submarino está vendendo o Balde de Gelo com entrega em 1 dia. Compre, divulgue!
O Submarino, como você sabe, tem vários outros produtos. Clique no banner ali em cima, à esquerda, para ver as últimas ofertas. O Balde de Gelo, por exemplo, sai por 25 reais. Quer ver se encontra um preço menor? Fácil: pesquise no Buscapé utilizando o quadrinho aqui na barra lateral, logo abaixo do calendário. O quê? Está sem dinheiro porque está desempregado, ou seu atual emprego rende quase nada? Cadastre seu currículo na Catho clicando no banner da direita, lá no topo. Ah, você tem uma pequena empresa, e acha que podia ganhar mais? Clique no banner grandão do Google lá em cima, em “Anuncie neste site”. Aliás, clique sempre no banner do Google, ele é legal.

Capitalista, eu?

(I Reis 10)
Não tardou para que as notícias sobre a sabedoria do rei de Israel e as obras que realizava por todo o reino se espalhassem pelo mundo. Bom, pelo mundo conhecido então, que não era muito. Coisa como um boato sobre José Serra chegar a Salvador. De qualquer forma, era crescente a fama de Salomão. Tanto que a rainha de Sabá resolveu ir a Israel para conferir as novas que lhe chegaram aos ouvidos.
Onde ficava Sabá? Não se sabe ao certo. Especula-se que o reino incluiria parte das atuais Somália e Etiópia, e parte da Península Arábica. De acordo com a tradição, a capital do reino ficaria onde hoje é Marib, capital do Yemen. Se isso estiver correto, concluímos que a rainha percorreu uma distância equivalente à que há entre São Paulo e Aracaju.
Pois muito bem: num belo dia a rainha de Sabá arrumou seus mullets, vestiu sua melhor camisa xadrez e suas calças largas de lona, calçou seus Vulcabrás 752 nº 44, e pegou a estrada em seu caminhão. No baú, levava especiarias, pedras preciosas e mais de quatro toneladas de ouro. Dias depois chegava ao palácio de Salomão.
A rainha ficou impressionada com tanta riqueza. O Salão da Floresta do Líbano, por exemplo, era decorado com quinhentos escudos que continham entre dois e sete quilos de ouro cada um. O trono do rei era revestido de marfim e ouro puro. Os seis degraus que levavam ao trono eram ladeados por esculturas de leões, e havia um leão esculpido de cada lado do assento. As taças utilizadas pelo rei eram de ouro, assim como todos os objetos do Salão da Floresta do Líbano. O rei mantinha 1.400 carros de guerra e doze mil cavalos puro sangue. Os cavalos eram importados de Musri e da Cilícia, cidades que ficavam na atual Turquia, e os carros vinham do Egito.
De onde vinha tanta riqueza? Para começar, os impostos pagos pelos comerciantes, pelos administradores do reino e pelos reis árabes que viviam sob domínio israelita. A frota de navios de Israel, uma joint venture entre Salomão e Hirão, voltava a cada três anos trazendo ouro, prata e animais exóticos. Para completar, a fama de Salomão atraía visitantes que, assim como a rainha de Sabá, lhe traziam presentes.
Que Salomão era rico, a rainha logo notou. Mas seria mesmo sábio? Ela decidiu testá-lo:
— Aê, mano. Me disseram que tu é ligeiro que só a porra, tá ligado?
— Queisso, se liga. Eu tô aqui só na correria. Esse negócio aí de sabedoria é os mano de fé que fala, mas eu fico na humildade, tá ligada?
— Só…
— Essas parada me azucrina as idéia. Eu sou ligeiro, podicrê, mas o resto é exagero.
— Queisso, mano? Está louco de raiva1?
— Não, mina, se liga! Cê que chegou há pouco de fora e não tá ligada nas parada israelita e pá.
— Ah, então foi mal aê.
— Pela órdi.
— Então, mano. Meu caminhão tá com o tanque quase vazio. Um mano aí me deu a fita que eu podia abastecer logo atrás do palácio.Cê tá ligado quem tem posto aí atrás?
— Ih, véi, sei de nada. Atrás aqui da parada só tem a quitanda do japonês. A senhora gosta de verdura?
— Ah, sim. Disseram que teu véio plantava nas quebrada dele. É verdade que teu pai tem terra?
— O véio já subiu, mina. Vamo falar de outras parada. Zoologia, manja?
— Cê manja zoologia?
— Daquele jeito, né?
— Então cê sabe se jacaré no seco anda?
— Não, nadavê. Jacaré no seco atola.
— Se liga, véi!
— Ô, dona majestade. Foi mal aí. Fui muito duro com a senhora?
— PÁRA!
— Pela órdi, já parei. Desculpe por tudo.
— TÁ CERTO! CÊ É LIGEIRO QUE SÓ A PORRA! CHEGA!
— Hehehe. Tá vendo você errada? Vem aqui na minha quebrada, nem nunca me trombou na vida, e acha que já pode vir me tirando? Se liga!
— Tá certo, mano. Tava dando um migué pra ver coé. Mas tá certo, cê é mais ligeiro do que os mano fala por aí. E mais rico também, tipo aqueles mano gangsta, tá ligado? Mó preza. Suas mina só anda nos pano, tudo peteca. Os mano do palácio deve ficar tudo ligeiro só de trocar idéia contigo. Que o seu deus, Javé, te abençoe.
— Amém, pela órdi.
— Agora vou dá linha.
— Paz.
— Paz.
Convencida da sabedoria do rei de Israel, a rainha pegou seu caminhão e voltou para Sabá. Após sua visita, Salomão convenceu-se de vez que era o mais sábio dos viventes:
— Vixe! Apavorei!
E isso seria o princípio de sua queda.

1 Os trechos sublinhados são trocadilhos dos mais infames, caso vocês não tenham percebido.

Melhor comentário do ano até agora:

“Como Construir Seu Contador de Acesso”
1 – Envie spams pra todo o Brasil. Em cada spam terá um spyware que ficará alojado no computador do internauta, monitorando seus acessos. Isso se consegue facilmente com algum cracker desocupado.
2 – Cada vez que alguém acessar o JMC, o spyware detecta e envia um e-mail para você.
3 – Seu Outlook (ou similar) que ficará sempre ativo daqui por diante, à cada e-mail recebido do spyware, abrirá um pop-up dizendo que “recebeu novas mensagens” com um aviso sonoro (o tradicional “PÃ!”), que deve estar num volume consideravelmente alto.
4 – Uma peça de dominó (pode ser a “branca”, se você gosta de um estilo “clean”) que está posicionada em frente à caixa de som do seu computador, vai cair com a vibração do “PÃ!”.
5 – O dominó, por sua vez, empurra uma bolinha de gude (“dô nadis!”) que descerá por uma espiral (de sentido anti-horário, pra quem está descendo) até bater no interruptor de pressão de uma lanterna a laser, ligando-a.
6 – O feixe da lanterna deverá ser desviado por um conjunto de 4 espelhos, estrategicamente espalhados pelo local, finalizando na testa do Jackie Chan que estará amarrado e amordaçado em uma cadeira.
7 – Jackie Chan, pensando ser a mira de uma arma, ficará apavorado com o laser, derrubará a cadeira (com ele junto) que cairá sobre uma catraca de ônibus, fazendo-a girar.
8 – Ao giro da catraca, o contador da própria será acrescido de um algarismo.
Como viu, é simples. Colaboraram neste magnífico projeto, o Frajola, o Coyote e os animadores da vinheta do programa Rá-Tim-Bum.
(Esse ócio ainda me mata.)
Áureo

Visitem o Vida Besta, blog do Áureo. O cara manda bem. E leva jeito para ser o próximo Rube Goldberg.

Visualizem: no primeiro banco de um microônibus, uma senhora carregando mais pacotes do que eu ou você seríamos capazes ocupa os dois lugares. O motorista, muito educadamente, pede:
— Será que a senhora poderia liberar um lugar?
— QUE FOI? EU SENTO ONDE EU QUISER!
— Eu sei, senhora. A senhora senta onde quiser, mas não pode ocupar dois lugares. Tirando isso, pode até viajar de graça.
— VOU DE GRAÇA MESMO! EU TENHO SETENTA E DOIS ANOS, TÁ ME OUVINDO? PERAÍ, DEIXA EU ACHAR MINHA IDENTIDADE.
Ela começa a fuçar na bolsa, na outra bolsa, nas sacolas todas. Enquanto isso, resmunga. Muito. O motorista desiste:
— Não precisa não, senhora. Deixa quieto.
— NÃO FICO QUIETA NÃO! QUEM MANDA NA MINHA BOCA SOU EU, ME RESPEITE!
— Eu não falei pra senhora ficar quieta. Eu tenho educação, ao contrário da senhora.
— EU SOU ESQUIZOFRÊNICA, NÃO ME ENCHE O SACO!
Taí. A frase dava um bom adesivo.

Voltei a botar ali na barra lateral o contador do Webstats4u (novo nome metido a besta do velho e bom Nedstat). Sei que esse troço vem com odiosos popups embutidos, mas não consegui ainda encontrar um contador que me agrade tanto quanto ele. Se vocês conhecerem, façam o favor de dizer.

(I Reis 9)
Após grandes obras vêm grandes rombos nos cofres públicos. Há que pagar as empreiteiras, os lobbystas, as autoridades envolvidas, todo mundo. Vendo que o governo abriu a mão, os financiadores da campanha tentam receber antigas dívidas, e o rombo aumenta ainda mais. Isso é verdade hoje, e já o era nos tempos de Salomão.
Terminado o templo e o palácio do rei, erguidas as muralhas de Jerusalém e aterrado o lado leste da cidade, era hora de botar a mão no bolso. As obras haviam durado vinte anos, e incluíam a reconstrução de cidades inteiras. Gezer, por exemplo, fora completamente destruída pelo Faraó egípcio (existe outro tipo de faraó?) ainda durante o reinado de Davi. Agora, em paz com Israel e tendo dado sua filha como esposa a Salomão, o soberano oferecia a cidade como presente de núpcias. Belo presente, uma cidade arrasada. Salomão reconstruiu a cidade, assim como Hazor, Megido, a parte baixa de Bete-Horom, Baalate e Tadmar. O rei também deu um tapa nas cidades onde estabeleceria seus armazéns de mantimentos e seus estábulos.
A publicidade era boa. “Transformando Israel num Canteiro de Obras”, “Duzentos Anos em Vinte”, essas coisas. As contas, porém, ainda precisavam ser pagas, e o maior credor do Estado era Hirão, rei de Tiro. Hirão havia fornecido todo o material para as obras e quatro toneladas de ouro. Salomão mandara construir uma frota de navios em Ezion-Geber, no Golfo de Ácaba, e o rei de Tiro enviara seus melhores marinheiros para manejar as naus. Junto com os homens de Salomão, esses marinheiros foram até a misteriosa terra de Ofir, trazendo de lá mais de catorze toneladas de ouro (há quem afirme que a distante terra de Ofir ficava onde hoje é o Peru, e no filme Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa o Rei Ciborgue descobre que os marinheiros de Salomão navegaram pela Baía de Guanabara).
Com tantos serviços prestados à nação israelita, era de se esperar que Salomão pagasse Hirão com algo grande. O governo de uma tribo, no mínimo. Mas que nada! Salomão era rico, sábio, empreendedor, mas também era judeu: pagou seu maior parceiro com vinte cidades muito chinfrins na região da Galiléia. Coisa como Carapicuíba, Itaquaquecetuba, Guarulhos, Mairinque. Só osso. Hirão foi ver as cidades e se decepcionou. Aquela região passou então a chamar-se Cabul, que em hebraico quer dizer “Puta que pariu, Salomão, que sacanagem!”.
Como se não bastassem os percalços com as contas das obras que só não eram faraônicas porque não foram feitas no Egito, Salomão também teve de enfrentar acusações segundo as quais ele teria utilizado cidadãos israelitas como escravos nas construções. Porque, vejam, toda aquela coisa de unificação do reino feita por Saul e Davi era apenas conversa oficial. Na realidade, o reino continuava dividido entre a minoria rica de Judá, no norte e a maioria pobre e esquecida de Israel, no sul (graças a Deus o mundo mudou, né?). O primeiro livro dos Reis é, acima de tudo, uma publicação oficial. Este capítulo, portanto, esforça-se para negar essas acusações, dizendo que todos os escravos utilizados nas obras eram amorreus, heteus, perizeus, heveus, jebuseus, enfim, descendentes dos caananitas que habitavam a terra antes da chegada de Josué e seus homens endurecidos por quarenta anos vagando pelo deserto. Segundo o texto, os israelitas serviram como soldados, oficiais, comandantes e cavaleiros. Verdade ou mentira? Não importa: a propaganda oficial está sempre acima desses conceitos abstratos.
Com tanta polêmica por todos os lados, restava a Salomão buscar ajuda espiritual. Durante as obras e depois delas o rei oferecia sacrifícios, queimava incensos e dava ofertas para o serviço religioso três vezes por ano. Vendo todo aquele zelo, Javé resolveu que era hora de falar com o rei novamente.
— Salomão!
— Coé?
— Que coé o quê! Meu nome é Javé!
— Javé! Perdoai-me-vos, ó grande Javé, perdoai-me-vos. Julgava eu que algum mano me vinha-me aporrinhar-me a mim. O que mandais, Grande Truta das Parada Firmeza do Céu?
— Vim dizer que gostei muito do templo, viu?
— Gostaste-vos?
— Gostei. Muito bonito, arejado, bem decorado. Uma beleza. Gostei tanto que até vou morar lá.
— Agradeço-te, Javé!
— Tá, tá. Mas vê lá, hein? Se esse povinho bunda pisar na bola comigo, eu pico a mula.
— Picareis a mula, Javé?
— Foi o que eu disse, porra. Conheço esse povinho. Todo mundo muito bonzinho, e é só Javé pra cá, Senhor pra lá, El Shadday pra cá, Elohim pra lá. Pois sim! Basta eu me distrair um pouco e já estão oferecendo sacrifícios a Moloque, Dagom, Astarte, ou o diabo do deus que estiver na moda. Então pode anotar aí: se esse povo fizer besteira, eu abandono esse templo, e mando os israelitas todos para a casa do chapéu. E tem mais: o templo será destruído pelos seus inimigos, e Israel será motivo de piada entre os povos. E não essas piadas manjadas de judeu: coisa muito mais séria e ácida. Vendo as ruínas do templo, algum viajante há de perguntar o que aconteceu. E responderão: “Isto aí era um templo grandioso, que foi destruído porque o povo abandonou seu deus”. Tá entendendo, Salomão?
— Compreendo-vos, ó Javé.
— Tá bom. Então vou ali me acostumar à casa nova.
Muito tempo depois, o templo seria mesmo destruído. Mas isso ainda estava longe, e Salomão viveria para ver a prosperidade de Israel e desfrutar sua fama.

Quanto mais eu olho o mundo, menos eu entendo. Eu sou bem burrinho, é verdade, mas não é só isso. Tomemos as religiões. Como é que o sujeito escolhe a religião que vai seguir? A impressão que eu tenho é que nego pega a primeira que aparece, e então passa a defendê-la com paixão e fúria. Estupidez. Há por aí religiões que são exclusivistas, e isso é um perigo. Suponha, por exemplo, que você é um homem bomba. Amarra os explosivos no corpo, veste a roupa, verifica o mecanismo do detonador, se despede da mulher e dos filhos e sai de casa feliz, pronto para cumprir seu dever. Tudo porque no céu há 72 virgens sedentas esperando por você. Suponha, porém, que após explodir a si mesmo numa rua de Jerusalém, matando vinte pessoas, você descubra (tarde demais) que certos mesmo estavam os cristãos. Danou-se: enquanto cai pela boca do poço que leva ao inferno, você vê lá em cima Jesus Cristo rindo da sua cara. Enquanto isso, o Profeta o espera lá embaixo. “Pô, Maomé”. “Tá, tá, já sei. Todo muçulmano que vem pra cá vem logo reclamar comigo. A gente não pode errar, porra?”

É um perigo isso, mas também há o outro lado, das religiões que não são exclusivistas. O sujeito que é espírita, por exemplo. Pra que ser espírita? Se o espiritismo estiver certo, e existir mesmo todo aquele negócio de encarnações sucessivas, sendo espírita ou não você vai cair no ciclo universal. Vai morrer, reencarnar, morrer, reencarnar, morrer, reencarnar. Repito a pergunta: para que ser espírita, se não há risco nenhum em não ser espírita? Besteira.

O mesmo serve para o budismo, o hinduísmo, uma cambada de religiões. Mesmo o cristianismo, com todo o lance de plano de salvação e o risco constante do inferno, tem lá suas tolerâncias. Um padre relativamente conservador me disse certa vez que o importante é ter o sentimento da caridade, do amor ao próximo. Segundo ele, Sócrates está salvo (o filósofo, não o doutor), assim como outros pagãos e ateus piedosos. Descarte-se, pois, o catolicismo: seja bonzinho, e está tudo certo.

Os evangélicos já não são tão tolerantes. Você precisa aceitar a idéia do sacrifício vicário de Jesus na cruz como vetor de salvação para a humanidade. Caso contrário, vai passar a eternidade queimando o brioco na casa de Satanás. No entanto, há gradações de tolerância até entre os bíblias. O pastor da igreja batista que eu freqüentava dizia que, uma vez convertido, nego não perdia a salvação nem que quisesse. Funcionaria assim: o sujeito aceita a idéia toda do plano de salvação, se converte, pois. Ainda que mais tarde ele renegue a Deus e a Cristo, o nome dele não sai da lista de Javé nem a pau. Segundo ele, então, eu estou garantido.

Segundo a Congregação Cristã no Brasil, porém, eu estou é ferrado. E vocês também, porque a crença deles é que só a Congregação é o verdadeiro cristianismo, e só por ela o homem pode escapar do fogo eterno.

Então é simples: basta irmos todos para a Congregação. As mulheres terão de usar véu, manter cabelos e vestidos longos. Os homens terão de vestir terno mesmo nos dias quentes, e andar sobraçando bíblias do tamanho de videocassetes. O que é isso, porém, diante da salvação eterna? Nada! Além do mais, poderemos beber à vontade, já que a Congregação não proíbe o consumo de álcool.

Pena que não seja tão simples: e se certos estiverem os muçulmanos? É o diabo.

Fala-se muito de fundamentalismo nos dias que correm, e fala-se principalmente mal. No entanto, se pensarmos bem, notaremos que as únicas religiões que podem valer a pena são os fundamentalismos cristãos, judeus ou muçulmanos. As três grandes religiões monoteístas levadas ao extremo. Desista, portanto, desse negócio de ir cada dia a um templo, terreiro ou o que seja, na esperança de encontrar a Verdade. É sua alma imortal que está em jogo! Concentre-se nas religiões exclusivistas, e faça sua aposta.
Ou então admita logo que não existe alma imortal, Deus, céu, inferno, nada disso. E viva sem encher o saco dos outros.