• Estou trabalhando, crianças. Eu trabalho, lembram-se? Então acostumem-se à falta de posts.
  • Subi ao morrão mais uma vez. Vi lá a velha, mas nem quis papo: fui sentar-me do outro lado. Única novidade: contei os degraus do escadão. Noventa e dois.
  • As coisas mais estranhas têm me acontecido.
  • Preciso escrever um post sobre Los Hermanos, outro sobre Legião Urbana (talvez enfie os dois num post só) e um sobre urna eletrônica. Não deixem que eu esqueça.
  • Estou tão acostumado a ter razão que a mera possibilidade de estar errado me aflige até o limiar do insuportável. Só que dessa vez eu quero muito descobrir que estive errado o tempo todo.
  • Não é pra entender. Só deu preguiça de escrever no diário de papel.
  • Tenham paciência.

Algumas pessoas experimentaram problemas com acentuação após instalarem o Mozilla Firefox. Tá certo que a maioria dessas pessoas estava tentando ler blogs do Weblogger, e portanto mereciam mais é ficar sem resposta: quem insiste em manter um blog naquele servicinho porco, ou se submete a ler, merece mesmo sofrer pra aprender a deixar de ser besta. Mas enfim: se você perceber que determinada página está com problemas de acentuação, basta mudar a codificação clicanco clicando em View/Character Encoding e (no caso do Weblogger) mudando para Unicode (UTF-8).

Nego vai pensar que eu estou levando algum por fora da Mozilla. Garanto que não, é que me empolguei mesmo com as possibilidades oferecidas pelos produtos dos caras depois de descobrir a versatilidade das extensões para o Firefox. Então pensei cá um negócio.
Os leitores Juliano Pita, Titto, Luciana, Tiago Xavier e Aline T. H., influenciados pelo post abaixo, resolveram experimentar o navegador da Mozilla. Então por que não dar uma organizada nisso e fazer uma campanha para uso maciço do Firefox entre blogueiros? Sei que o moskito, a Fer e o Daniel Lima — para citar só exmplos de amigos — já são usuários do Firefox há algum tempo. Que tal começar a indicar o browser em nossos blogs? Um movimento assim pode tomar as dimensões mais inesperadas. É claro que também pode não dar em merda nenhuma (de minha parte, já ficarei feliz se conseguirmos convencer o Paulo Vivan a adaptar o template do Chickendog para poder ser lido no Firefox).
Bom, o que vocês acham? Eu vou botar um botão ali na barra da direita. Quem quiser fazer o mesmo pode visitar essa página e escolher um botão ou banner que melhor lhe apeteça.
Get Firefox!
E NÃO, não estou ganhando nada com isso. Eita povinho desconfiado…

Segundo o Nedstat, 56,5% dos leitores do JMC usam outras versões do Windows que não o XP. Pois então, meus filhos: a Microsoft admitiu que as novas implementações de segurança para o Internet Explorer são apenas para usuários de Windows XP com o novo Service Pack 2. Ou seja: se você usa Windows 2000, NT, ME, 98 ou 95, trate logo de instalar o XP, ou sua máquina vai continuar se enchendo de adwares, spywares, trojans e vírus que chegam via browser. É claro que para isso você provavelmente vai precisar gastar algumas centenas de reais com upgrade de hardware. Sabe como é: o Windows XP é aristocrático, não roda em qualquer máquina.
Bom, ou então você pode aposentar de vez o Internet Explorer e passar a usar algum outro browser mais seguro e confiável. Minha sugestão vocês já sabem qual é: Mozilla Firefox na cabeça. O Firefox, aliás, já é usado por 10% dos leitores deste blog. Pode parecer pouco, mas houve tempo em que os usuários de Internet Explorer no meu Nedstat eram mais de 95%.

(II Samuel 12:1-15)
Ao enviar Urias para a morte e assim desposar a viúva, Davi excedera qualquer limite. Javé não gostou nada daquilo, e ordenou que o profeta Natã fosse dar uma bronca no rei. “Dar uma bronca no rei!”, preocupava-se Natã, “Falar é fácil. Por que não vai lá ele mesmo? Como é que eu vou dar essa bronca sem deixar o homem puto?”. Foi pensando nisso por todo o caminho, e ao chegar ao palácio havia decidido abordar o assunto de forma suave, contando uma parábola. Então, quando o rei enfim o recebeu, começou a contar sua história:
— Dois homens moravam na mesma cidade…
— Qual cidade?
— Hein?
— Você disse que dois homens moravam na mesma cidade. Qual?
— Oras, não vem ao caso! Sei lá! Belém, vá.
— Belém? Olha, então eu devo conhecer os dois. Como se chamavam?
— É só uma história, majestade!
— Ah! Não é de verdade, então?
— Não!
— Bom, bom. Continue, adoro histórias.
— Então. Um dos homens era muito pobre, o outro era milionário. O rico tinha muitos bois, jumentos, ovelhas, camelos. O pobre, coitadinho, tinha só uma ovelha. Era apegado ao bichinho: a ovelha comia de sua comida, bebia em seu copo, dormia em seu colo.
— Ih. Esse cara aí com a tal ovelha, sei não…
— Pô, majestade, não fode. A ovelha era como uma filha para ele.
— Filha? Sei.
— NÃO IMPORTA! O negócio é que o milionário lá recebeu a visita de um amigo tão rico e importante quanto ele. E sabe o que ele fez?
— O quê? O quê?
— Com tantos animais à disposição em sua propriedade, resolveu, por puro capricho, matar a ovelha do vizinho pobre para servir ao visitante.
— COMO É QUE É??? O cara tinha gado à vontade, mas preferiu matar o bichinho de estimação do outro, que não tinha mais nada na vida?
— Isso mesmo.
— ESSE SUJEITO É UM FILHO-DA-PUTA! Deve dar quatro ovelhas para o vizinho e depois ser executado. Não consigo imaginar outro castigo para ato tão cruel.
— Pois esse sujeito é o senhor, majestade.
— COMO??? Não sei do que você está falando.
— Não sabe? Urias? Bate-Seba?
— Er… Quem?
— JAVÉ SABE TUDO, DAVI! Ele mandou dizer que o fez rei de todo o Israel, que o salvou de Saul e entregou o reino em suas mãos. Tudo isso ele lhe deu, e daria tudo duplicado. Então por que é que você foi cometer um crime tão vil?
— C-Crime…?
— VOCÊ ORDENOU A MORTE DE URIAS, PARA PODER FICAR COM A MULHER DELE!
— Eeeeeeeeeeeeeeeeu?
— JAVÉ SABE TUDO! Como punição por seus atos, ele diz que sua descendência terá uma história violenta. Além disso, uma pessoa de sua própria família causará sua desgraça. Suas esposas vão se entregar a outro homem, e ele vai traçar todas no meio da rua, à luz do dia, para que todo o Israel saiba que o rei é um chifrudo.
— Tá certo, tá certo… Eu errei.
A confissão do rei fora mais fácil do que Natã esperava. O profeta não resistiu à tentação de dar uma boa notícia:
— Ah, não fica assim! Javé perdoou seu pecado, não vai matá-lo nem nada assim.
— Que bom.
— É, é. Muito bom. Só tem uma coisinha…
— O quê?
— Sabe o menino, filho de Bate-Seba?
— Claro! Aquele menino é a alegria da minha vida!
— Er… Então. O menino… — bem devagar, Natã ia andando de costas na direção da porta enquanto falava — O menino vai pagar por essa.
— Como?
— Deus vai matar o seu filho, Davi.
O rei ficou sem acreditar por um instante: primeiro Javé o repreendia por matar um homem inocente, e agora punia por isso alguém mais inocente ainda, um bebê? Não podia ser verdade. Quis confirmar com Natã, mas o profeta já dera no pé.

A maravilhosa vista. A construção verde no centro é a fábrica da Panco, antiga Seven Boys. Estão ainda na foto a minha casa e a do Maguila, única celebridade da região.


Hoje o menino — chama-se Rubens — veio me mostrar sua bicicleta. Disse que deu cinco reais “pro ôme”, e ele lhe deu a bike. Estava toda quebrada, o pai consertou. Sentada no banco ao lado estava uma senhora de uns setenta anos. Claro que a velha puxou assunto comigo, velhos gostam de mim:
— Esse menino é doido! Olha como corre com a bicicleta, é perigoso ser atropelado, ou cair lá embaixo. A mãe não cuida, tá lá dentro, deitada. Só véve deitada.
— A senhora é avó dele?
— Sou sim.
— E a mãe dele é sua filha?
— É não. — aqui ela tapou a boca com a mão esquerda para dizer em tom de confidência — Ela é amigada. Mora com…
Aqui a velha levantou dois dedos da outra mão. Entendi que a morena tem dois homens. Achei justo: queria ver quem é que dava conta daquilo tudo sozinho.
— Ah…
— Então eu fico aqui cuidando dos meninos… Ó lá a irmã dele chegando. Tadinhas dessas crianças…
Nisso o moleque já estava dando voltas de bicicleta pela calçada. Enquanto ele pedalava, parando às vezes para me explicar por que sua bicicleta é tão veloz, a avó continuava:
— Um dia eu ainda dou uma paulada na canela dela, quebro-lhe a perna.
— Sei… — assustado.
O garoto perdeu o controle e bateu num arbusto florido. Chorou um pouco, depois veio trazendo uma flor feia.
— É pra minha mãe.
— Essa aí tá murcha — disse a avó, levantando-se para pegar outra. Enquanto escolhia uma flor mais vistosa, continuou — Quando eles vieram pra cá fizeram de tudo pra gente ir embora. Mas eu não vou, ora! Aqui é minha casa. Sabe? Logo que eles chegaram esse homem que mora com ela quis bater no meu marido.
— Nossa.
— Pois é. Mas eu não deixei. Deixei nada! E venha ele me encher o saco pra ver o que acontece. Pego assim — fez o gesto de quem destronca a cabeça de um frango — torço o pescoço dele e jogo aqui do barranco.
— Hum.
— Eu não sou daqui, sabe? Sou daqui não. Sou de Guaratinguetá. Vixe, ali é o povo mais ruim que existe, o mais ruim! E eu nasci lá. Aprendi a ser assim também, né?
— Pois é.
— Torço o pescoço e jogo do barranco. Vem ele mexer comigo, quero ver!
— É… Olha, eu vou ali. Preciso trabalhar.
— Ah. Trabalha onde?
— Trabalho em casa.
— Ah, assim que é bom. Vá com Deus, meu filho.
— A-Amém.
Voltei pra casa com medo da velha. Mas amanhã eu volto, é claro.

O escadão maldito

Aproveitei minha hora do almoço para subir ao Morrão. Engraçado: tanto tempo sem mais nada para fazer, e nunca me ocorrera subir até lá. É verdade que a total vadiagem me constrangia, impedindo-me de desfrutar totalmente do ócio. Mas agora trabalho, passo o tempo lidando com grandes questões, então na hora do almoço eu tenho o direito de ser totalmente vagabundo. Assim sendo, subi ao Morrão.
O Morrão fica na rua de cima, e não se chama Morrão, é claro: chama-se Praça Maestro Assis Republicano. Nome bonito para um lugar que é só uma elevação com uma rua embaixo, uma rua em cima e uma escada no meio para unir as duas; enfim, um morrão, como bem o chamamos por aqui. Subi, pois, o escadão imenso (“imenso” é um pouco demais, mas eu subi de dois em dois degraus e ao chegar lá em cima mal me agüentava em pé) e me sentei num dos bancos, um livro nas mãos, para passar meia horinha de ócio.
Quando eu e meus irmãos éramos crianças, vez em quando meu pai subia conosco ao morrão. Lá de cima mostrava os pontos interessantes daqui de perto (a escola, a fábrica da Seven Boys, a igreja) e lá de longe (o prédio do Banespa, as antenas da Paulista). Chegando lá em cima hoje, me dei conta de que era minha primeira visita ao Morrão desde aquela época. Está diferente: a rua foi asfaltada há anos, e agora há bancos em cima e um playground e um campinho de futebol lá embaixo, enfim, Dona Marta resolveu transformar o Morrão em praça de verdade.
Eu sei, eu sei: este já é o terceiro parágrafo e a história ainda não começou. Eu tenho esse problema, sei muito bem. Mas prometo que a história começa no próximo parágrafo. Querem ver?
Estava eu lá meio lendo, meio olhando a paisagem, quando um menino de uns cinco anos veio se aproximando. Trazia nas mãos uma bola verde, grande, de borracha.
(Viram? Começou a história).
O menino veio vindo e eu já sabia que ia falar comigo. Crianças sempre falam comigo.
— Eu sei chutar essa bola, sabia?
— É mesmo?
— É!
— Sabe nada…
— Sei sim, ô!
— Quero ver — botei o livro de lado. — Só não vá chutar a bola lá pra baixo.
Todo mundo conhece o efeito de um “não” sobre a mente infantil: foi justamente lá pra baixo que ele chutou a bola.
— Te avisei… E agora, hein?
— Hum… Agora eu vou chamar meu pai pra ir lá pegar.
Saiu correndo para casa, e eu fiquei rindo sozinho da esperteza do moleque. Voltou acompanhado da irmã pouco mais velha, que se dispôs a descer o escadão para buscar a bola do caçula. Já ia começar a descer quando aquela voz grave, meio rouca, chamou:
— ÁGATA! Aonde você vai?
Era a mãe dos dois. Ah, a mãe dos dois! Morena alta enfiada num shortinho branco que contrastava com as coxas bronzeadas e mais do que surgeria o formato e firmeza da bunda que lutava por esconder. Os peitinhos miúdos estavam soltos dentro de um top que era pouco mais que uma fita branca envolvendo-lhe o busto, como se ela estivesse embrulhada para presente. Ante aquela visão eu tomei a atitude de sempre: voltei a enfiar o nariz no livro, encabuladíssimo pela presença da mãe das crianças.
Ao final de uma pequena discussão, a morena autorizou a filha mais velha a descer. Então ficou em pé perto de mim, de costas, orientando a menina lá embaixo. Aquela bunda atraía meus olhos, e eu não conseguia pensar em nada para falar com a morena. Nem um “Crianças!”, tão propício à ocasião, nada. Ela acabou voltando para dentro. Fiquei por ali ainda um tempo, entretido com o menino que agora me chamava de amigo e me mostrava como conseguia jogar pedras para acertar as pessoas lá embaixo. Eu tinha que voltar ao trabalho, porém, então me despedi dele e desci o escadão.
Não acredito até agora que tão perto de minha casa mora a mulher que anda seminua. Amanhã eu volto.

— Sexista!
— Hum?
— Sexista! CHAUVINISTA!
— Que foi que eu fiz, minha senhora?
— É só assim que você sabe descrever uma mulher? Peitos, bunda, mais nada?
— Peraí, olha a injustiça! Falei em coxas também, e até dei um jeito de enfiar um “busto” no texto.
— PORCO! Você acha que aquela mãe de família é um pedaço de carne, não é?
— É, é. Mas olha: é um BAITA PEDAÇÃO…

Estou todo técnico hoje, né? Esse negócio de trabalhar mexe mesmo com a cabeça da gente. E com o corpo também: engordei novamente, depois de seis meses de emagrecimento. Bom, não vem ao caso. Vamos à dica.
Eu sempre gostei muito do Mozilla Firefox (versão nova, atenção), mas não o utilizava como navegador padrão porque o Avant Browser — que utiliza o mecanismo do MS Internet Explorer — oferecia um diferencial: para ele não existe esse negócio de nova janela, todo link abre numa nova aba, sai da minha aba, sai pra lá. O Firefox, por outro lado, só abria links em abas se instruído para isso.
Acontece que, depois de escrever o post sobre do RSS Feed, a nerdice tomou conta do meu ser e eu resolvi adotar de vez o Firefox, dando um jeito qualquer para que ele se comportasse da mesma forma que o Avant Browser. Demorei quase nada para descobrir: com um tal Tabbrowser Extensions eu posso configurar meu navegador para tratar “new window” como “new tab”. Pronto! E não é só isso: com essa extensão instalada, eu posso configurar o navegador para “lembrar” as abas que estava abertas e abri-las da próxima vez, ou para abrir todo e qualquer link numa nova aba, se assim o desejar, ou para carregar sempre um conjunto pré-determinado de abas. Uma maravilha, eu lhes garanto.
Caso interesse, outras extensões para o Mozilla Firefox podem ser encontradas aqui.