(I Samuel 12)

Com Saul ungido, confirmado e reconfirmado como rei, era hora de Samuel sair de cena. E ele o fez num discurso, aproveitando a festa de coroação improvisada:
— Israelitas! Está aí o rei que vocês me pediram, não me encham mais o saco! Eu já sou um velho de cabelos brancos, preciso de paz. Vocês têm meus filhos aí, caso precisem de alguma coisa. Mas duvido que precisem, não é? Agora vocês têm um rei! Ó, um rei, que coisa grandiosa! Humpf. Eu fui líder de vocês desde que era jovem até hoje. E se nesse tempo todo eu fiz alguma coisa — qualquer coisa! — errada, sejam machos e me acusem agora. Eu tomei alguma coisa de alguém? Aceitei suborno? Enganei ou persegui alguém? Hein? RESPONDAM!
— Que é isso, seu Samuel! De jeito nenhum!
— Olhem lá! Javé e o tal rei que ele escolheu são testemunhas de que vocês não me acusam. Têm certeza?
— Claro! Javé é testemunha!
— Sim, ele que escolheu Moisés e Arão para tirarem os israelitas do Egito, é testemunha de que vocês não me acusam. Que beleza! Que maravilha! Mas fiquem aí, que agora EU vou acusar VOCÊS.
Epa…
— Pois é! A história de Israel tem sido só isso: eram escravos no Egito, aí Deus enviou Moisés e Arão para libertarem vocês. Ganharam essa terra aqui, uma terra boa, com vista para o Mediterrâneo. E como agradeceram? Adorando a outros deuses! Zombando de Javé! Aí ele ficou muito puto, como era de se esperar, e mandou Sísera, os filisteus e o rei de Moabe para lutarem contra Israel. Eles venceram, e então os israelitas se lembraram de Deus, implorando a ele piedade. E ele enviou Gideão, Baraque, Jefté e eu. Nós, os juízes, libertamos vocês em todas essas ocasiões. Toda vez vocês acabavam voltando aos deuses estrangeiros, eram castigados, imploravam a ajuda de Javé. E toda vez ele enviava um juiz que os libertava. Dessa vez, porém, quando viram que Naás, rei de Amon, ia atacá-los, vocês rejeitaram ao seu Deus e pediram um rei.
— Peraí, não foi bem assim…
— CALABOCA! Agora está aqui o rei. Vocês pediram e Javé lhes deu isso aí. Ele não queria, mas vocês o rejeitaram. Deram as costas ao Deus que os livrou de seus inimigos por todos esses anos. É, ingratidão é uma coisa muito feia… Mas tudo bem, tudo bem! Se vocês continuarem servindo e adorando a Javé, não têm o que temer. Pelo contrário, é claro, ele ficará contra vocês e contra esse rei aí. Então não se preocupem: é só vocês se manterem fiéis a Javé. Fácil, não? Então! Ele está muito chateado com vocês, ele me falou isso. Querem ver só? Estamos em tempo de seca, não é mesmo? Pois bem: eu vou falar com Javé e ele vai mandar chuva e trovoada na mesma hora. Se vocês fossem bons, isso poderia acontecer com mais freqüência, e jamais voltariam a se preocupar com a colheita. Mas não, vocês preferem um rei! Paciência!
O povo ficou meio cabreiro com isso, sem acreditar muito. Mas Samuel fez lá sua oração, e no mesmo dia Javé mandou trovões e chuva. Então os israelitas ficaram com medo e começaram a falar com Samuel:
— Por favor, seu Samuel, peça a Javé que nos perdoe, que não nos mate! Além dos pecados todos, ainda tivemos a cara-de-pau de pedir um rei!
— Ah, agora vocês percebem a merda que fizeram? Tarde demais! Mas não se apoquentem, já disse: basta que vocês sirvam a Javé, e não a outros deuses. Quanto a mim, continuarei orando por vocês, e aconselhando e ensinando a quem quiser. Sirvam a Deus, ou então ele destruirá vocês e o seu rei.
A mensagem de despedida, no final, deixava uma brecha: Samuel não ia se aposentar totalmente, pretendia continuar desempenhando seu papel de líder espiritual, mas sem toda a responsabilidade de antes. Ele não tinha como saber que seus serviços ainda seriam necessários.

Algumas pessoas andam dizendo que eu ocupo meu tempo nesse negócio de aprovar comentários, e depois postar os mais bizarros, e por isso não escrevo logo o próximo capítulo de I Samuel. É nada disso: a verdade é que o próximo capítulo é MUITO chato. Trata-se do discurso de despedida de Samuel. Além de longo e um tanto desconexo, não tem importância alguma na história, mesmo porque ele volta depois. Então a preguiça me domina, e eu estava adiando essa xaropada. Hoje, porém, criei coragem, e já comecei a escrever. Deve estar no ar daqui a pouco. Mas já adianto: não vai sair lá essas coisas. É tirar leite de pedra.

Eu me divirto:

Muleque, quem vc se julga ser, não sabe nem como limpar o rabo e ousa dizer palavras da biblia sem nenhuma reverencia. No inferno lugar onde caminhas de passo largo devido a mexer onde não deve satan deve rir junto contigo das porcarias que escreve. Juizo por que céu e inferno não são sonhos.

(Dalva)

Que Deus tão fraco e inseguro é o dessas pessoas, que fica melindrado por tão pouco e então precisa de analfabetos funcionais para defendê-lo?
E estou imaginando eu andando “de passo largo” no inferno, de braço dado com o Capeta, lendo minhas coisas para ele, que ri a não mais poder. Lindíssima cena, Dalva. Você fantasia sempre coisas assim?

Ah, e teve outro:

comentário inteligente é aquele que baba seus ovo?

(Bromco)

Exatamente, Bromco. Exatamente.

E eu ainda aprovo uma coisa dessas:

Sinceramente, eu acho que você gostaria que o JMC, que faz uma versão, digamos, diferente da Biblia, tivessão [sic] a mesma repercussão que o filme do Mel Gibson.

(Mané Galinha)

Aí, me pegou. De fato, eu queria que o meu blog tivesse a mesma repercussão que uma superprodução de Hollywood. Não entendo como é que isso não aconteceu ainda. Oh, mundo cruel! Oh, sociedade injusta! MEUS SAIS!