Esse é o nome de uma campanha lançada pela Coordenadoria Especial da Mulher da prefeitura de São Paulo, em conjunto com a SP Trans e a Secretaria Municipal de Transportes. Trata-se de um concurso de poesia para homenagear os 450 anos da cidade e o Dia da Mulher numa tacada só. Foi divulgado pelo Interligado, jornalzinho dos ônibus de São Paulo.
Quando li a divulgação do concurso, logo pensei: “Lá vem merda”. Não deu outra. Eis o primeiro poema, de autoria de certa Alice Ruiz, grudado nas janelas de todos os ônibus da cidade semana passada:

Na esquina da Consolação
com a Paulista
me perdi de vista
virei artista
equilibrista
meio mulher
meio menina
meio meia-noite
meio inteira
inteiramente alheia
toda lua cheia

Mas que bela porcaria, não? Pois é. Mas o pior ainda estava por vir: relendo a divulgação do concurso (que depois encontrei aqui), atentei para o seguinte trecho:

O projeto está dividido em duas fases. Na primeira, que ocorrerá no mês de março, serão expostas no Jornal do Ônibus (Interligado) quatro poesias, sendo que uma por semana, de escritoras consagradas da literatura nacional. Já a etapa seguinte vai divulgar poesias selecionadas

Ei, peraí. Quer dizer então que a Sra. Alice Ruiz é uma escritora consagrada? Só se for consagrada à produção de péssima poesia, façam-me o favor! Eu fiz questão de decorar o poema dessa criatura para expô-lo ao julgamento de vocês. Achincalhem-na por favor.
E o mais preocupante: ainda faltam três poemas de escritoras consagradas (ao capeta) e mais “…22 textos inéditos que poderão ser apreciados semanalmente pelos usuários dos ônibus municipais entre os meses de abril e agosto”. VINTE E DOIS! Muito bem, recebi o estímulo que me faltava para finalmente comprar um carro. Os ônibus tornaram-se ambiente inóspito para os paulistanos.