(Esse camaradinha aqui diz que elas se chamam noelites, mas eu me recuso a acreditar. Noelite parece nome de marca de vaso sanitário, bidê, essas coisas. Além do mais, só achei noeletes proucurando no Google)

Andando pelo shopping center ontem (preciso comprar uma peça de vestuário bastante ridícula; me recuso a dizer aqui qual seja), vi duas lindas noeletes andando de mãos dadas. Tão lindas! Alguém de mentalidade podre talvez visse a cena com malícia. Eu não! Percebi logo de cara a beleza e pureza daquela cena. Parecia que estavam apoiando uma à outra. Posso imaginar o que aconteceu: no vestiário das noeletes, enquanto se ajudavam mutuamente com aquelas roupas complicadas, sentiram algo novo. Uma sensação de urgência total. Então beijaram-se com sofreguidão e…
Tá, tá. Já parei.


Imagem roubada do blog El Cara

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Quando eu conheci Paula Foschia, a primeira coisa que ela perguntou foi algo a respeito da minha vida de músico da noite. Fiquei sem entender por um momento, mas logo me dei conta: a doida achava que aquele lance todo do Chicote Verbal era de verdade. Contei que na verdade eu trabalhava com tecnologia. Ela não conseguiu disfarçar a decepção. De qualquer forma, seguimos para o aeroporto Santos Dumont. Tomamos chope e conversamos sobre literatura, teatro, blogs, pessoas. Fiquei encantado com a fluidez da conversa da garota, com as maluquices que dizia mantendo a maior cara-de-pau, com sua vivacidade. Tempos depois nos reencontramos no lançamento do livro da Clarah. Paula estava mais empolgada ainda, cheia de projetos. Quis me incluir em alguns, mas minha proverbial preguiça é sempre broxante. Mesmo assim tornamo-nos amigos, passamos a trocar confidências, desabafos, essas veadagens.
Em abril deste ano resolvi ir ao Rio. Era pra ser só um fim-de-semana com os amigos, mas love was in the air. Pra começar, o Risadinha conheceu a Ana, e ali mesmo formou-se um dos mais belos casais da História. Como se não bastasse, eu conheci o Paulo.
— Marco, este é o Paulo — disse a Paula, me apresentando um rapazinho branco. Bem branco. Lavado com Omo mesmo. Vejam esta foto pra vocês entenderem.
— Ah. Oi, Paulo.
— O Polzonoff, sabe?
— Polz… — mas não tive tempo de dizer que nunca tinha ouvido falar, porque deus começou a chorar e pulou no pescoço do Paulo:
— PORRA! VOCÊ É O POLZONOFF! EU SOU SEU FÃ! CARALHO, AGORA EU JÁ POSSO MORRER! EU CONHECI O POLZONOF! GAAAAAAAAAAH!
O Senhor dos Exércitos arrancou as roupas e saiu correndo pelos corredores do apart hotel, deixando que prosseguíssemos nossa conversa. Então fiquei sabendo que Polzonoff era um crítico lá de Curitiba, muito temido e tal. Quando a Paula falou que ele tinha um blog, finalmente liguei o nome à pessoa: eu tinha visto o link para O Polzonoff no Falecomdeus fazia um tempo. Tinha entrado no blog, mas deu preguiça de ler os textos longos. Me arrependo até hoje.
Acabou que passamos quase o fim-de-semana inteiro na casa da Paula. Logo de cara o Polzonoff deu a idéia:
— Vamos ver um filme?
“Pronto”, pensei, “agora o cara vai vir da locadora com um filme iraniano e um documentário alemão”. Pô, eu já tinha sacado que o Polzonoff era sangue bom, mas também era crítico, o que eu podia esperar? Bom, podia esperar tudo, menos o filme que ele trouxe: “Os Saltimbancos Trapalhões”. Depois de assistirmos ao filme (entre exclamações de “O Mussum é foda! FODA!”), concluí o óbvio: ali estava um amigo de infância.
Fiquei sabendo que os dois faziam aniversário no mesmo dia. Coisa mais brega do mundo: já não bastava terem o mesmo nome??? Mas lá no fundo achei mesmo foi bonito. E senti inveja: não existem mulheres com meu nome. Bom, ainda bem.
Foi ontem o aniversário. Não, não esqueci: até comprei presente pro casal, algo para mantê-los ocupados por algum tempo (PORQUE JÁ QUE EU NÃO FAÇO SEXO, NÃO QUERO QUE NINGUÉM FAÇA). O negócio é que eu fico pensando no que escrever e nada me agrada. Aí me dá revolta, eu tiro as calças e fico sapateando em cima. Meu chefe dá bronca e me manda pra casa. Aí passa um carro na poça d’água e… Ah, sim, o aniversário dos Paulos. Seguinte: amo vocês dois. Muito. Puta que pariu. Saiam da minha vida não. É muito bom ser amigo de vocês. Feliz aniversário, meus queridos. ATRASADO, SIM, E DAÍ? Humpf.

Tenho muitos projetos. Raramente algum deles é realizado, principalmente devido à minha monumental preguiça. O último, no entanto, é bem simples e requer quase nenhum esforço. É assim: vou entrar numa dessas igrejas em que as pessoas gritam, se agitam, pulam, dançam, sabem? Aí no meio dos “ALELUIA!” e “OH, GLÓRIA!” eu oferecerei meu modesto quinhão de louvor ao Senhor: “ALELUIA! PUUUUUUUTA QUE PARIU, COMO DEUS É BOM! CARAAAAAAALHO!“.
Sei lá. Acho que vou me sentir bem depois disso. Abençoado.

Essa música do último disco do Belle & Sebastian vive tocando no repeat do meu Winamp, do som aqui de casa, do discman ou apenas dentro do cabeção. Não é para menos: a bela composição da Sarah Martin (acho) me faz lembrar sempre da minha menina. Eu dedicaria esta minha gravação a ela, não tivesse ficado tão tosca. Como ficou (demais, argh!), boto aqui no blog para torturar vocês:

MARCO AURÉLIO – ASLEEP ON A SUNBEAM

De qualquer forma, procurem ouvir a gravação original. E cantem junto:

When the half light makes for a clearer view
Sleep a little more if you want to
But restlessness has siezed me now, it’s true
I could watch the dreams flicker in your eyes
Lying here asleep on a sunbeam
I wonder if you realise you fascinate me so
Think about a new destination
If you think you need inspiration
Roll out the map and mark it with a pin
I will follow every direction
Just lace up your shoes while I’m fetching a sleeping bag, a tent…
Another summer’s passing by
All I need is somewhere I feel the grass beneath my feet
A walk on sand, a fire I can warm my hands
My joy will be complete
I thought about a new destination
I’m never short of new inspiration
Roll out the map and mark it with a gin
Made my plans to conquer the country
I’m waiting for you to get out of your situation
With your job and with your life
All I need is somewhere I feel the grass beneath my feet
A walk on sand
A fire, I can warm my hands
My joy will be complete