Santa Rita de Cássia

Como eu disse, estou lendo Viver Para Contar, livro autobiográfico de Gabriel Garcia Márquez, por influência de dois luminares das letras nacionais (Polzonoff, me deve um chope por essa puxada de saco. Adailton Sem-Vergonha, de você eu nem cobro mais nada). Estou lendo o livro do jeito como o próprio Gabo descreve sua leitura de A Ilha do Tesouro: devorando “… letra por letra com a ansiedade de saber o que acontecia na linha seguinte e ao mesmo tempo com a ansiedade de não saber para não perder o encanto”. Pois bem: hoje, na hora do almoço (eu vou almoçar sozinho para poder ler sossegado, e leio enquanto como. Fodam-se as boas maneiras) li um trecho que me fez rir muito, e depois me fez chorar um pouquinho escondido por me lembrar MUITO as histórias de minha avó. Ele conta que uma de suas irmãs recebeu o nome de Rita devido à devoção da família por Santa Rita de Cássia, baseada principalmente na paciência da santa com um marido sangue ruim:

Minha mãe nos contava que esse marido da futura santa chegou certa noite em casa enlouquecido pelo álcool um minuto depois de uma galinha ter plantado sua cagadela na mesa da sala de jantar. Sem tempo para limpar a toalha imaculada, a esposa conseguiu tapar a caca com um prato para evitar que o marido a visse, e apressou-se em distraí-lo com a pergunta habitual:
— O que você quer comer?
O homem soltou um rugido:
— Merda.
A esposa então levantou o prato e disse com santa doçura:
— Está servida.
A história conta que o próprio marido se convenceu na hora da santidade da esposa, e converteu-se à fé de Cristo.

Ah, Dona Donata! Queria que a senhora estivesse aqui para eu te contar essa. Seria uma boa para contar para o bisneto que vem aí.

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