Aproveitem que hoje isto aqui está em ritmoooooooooooooo, ritmo de festaaaaaaaaaaaaa. Mais um capítulo novo.
Pois então, como eu disse: os israelitas tinham saído do Egito já fazia quase um ano. E foi sobre isso que deus foi falar com Moisés:
— Ô, Moisés, já vai fazer um ano que vocês saíram do Egito. Sabe o que isso significa?
— Q-que vai t-ter f-festa…
— Sim, vai ter festa. Mas QUAL festa?
— F-festa de a-aniversário, o-oras!
— Ok, ok. Mas qual o NOME da festa?
— S-sei lá, oras! F-festa à f-fantasia?
— Não.
— F-festa do ca-cabide?
— Claro que não, oras.
— F-festa do c-coqueiro, po-pode trepar que n-não tem g-galho?
— Puta merda, eu devia ter inventado um décimo-primeiro mandamento para piadas velhas… Moisés, a partir do pôr-do-sol do dia 14 deste mês cês vão comemorar a Páscoa.
— Ah, é! N-nem l-lembrava.
— Ainda bem que eu fiz você anotar tudo, né? Puta velho esquecido… Bom, avisa o povo aí. Quero todo mundo comemorando a Páscoa do jeito que eu mandei.
Bom, Moisés ia discutir? Claro que não. Tratou logo de lembrar aos israelitas que no dia 14 ia ter a comemoração da Páscoa. E os problemas não tardaram a mostrar sua cara feia: Uns caras tinham tocado num defunto e estariam imundos no dia da Páscoa. O que fazer? Moisés também não sabia, e foi perguntar a deus.
— Encostaram num defunto, foi? Putz… Sei lá o que fazer com esses caras! Mata tudo.
— P-pega l-leve, Ja-Javé…
— Bah! A gente quebra a cabeça pra inventar uma festa legal, cheia de simbolismo e coisa e tal, pra vir meia dúzia de nego e estragar tudo? É foda, viu! Que que eu faço com esses caras agora? Ah, sei lá. Fala pra eles comemorarem a Páscoa mês que vem, também no dia 14.
— T-tá b-bom.
— E pra tomarem cuidado pra não encostarem em nenhum defunto até lá, senão eu vou ficar muito puto. Aliás, já escreve essa lei aí como um adendo pra Páscoa: Se alguém estiver impuro no dia da festa, deverá celebrar no dia 14 do mês seguinte. E a celebração deverá ser completa, com as ervas amargas, o pão sem fermento, o sangue no umbral da porta, tudo.
— A-anotado. E i-isso t-também va-vale p-para a-alguém que e-esquecer de ce-celebrar no d-dia ce-certo?
— Claro que não, oras! Aí vira esculhambação. Posso até abrir uma exceção para quem estiver viajando na Páscoa, beleza. Mas se o cara estiver no meio do povo, não estiver impuro, e ainda assim não comemorar a Páscoa, será expulso. Tão pensando que é festa?
— N-não é?
— Foi uma força de expressão, Moisés.
— A-ah…
— Vê se deixa de ser burro. Ah, e se algum estrangeiro que estiver entre vocês quiser comemorar a Páscoa, poderá fazê-lo sem problemas. Mas terá que seguir todos os rituais à risca. Ok?
— Be-beleza.
— Então tá. Ah, Moisés, e outra coisa: Vai se preparando aí que cês vão começar a viagem daqui a uns dias.
— L-legal. N-não a-agüentava m-mais e-esse ma-marasmo aqui no S-Sinai. Q-quando a ge-gente sai d-daqui?
— Quando eu mandar, oras. Cê viu que tem uma nuvem de fumaça cobrindo o Tabernáculo durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite?
— E q-quem n-não viu? Ô Ja-Javé, quer f-fumar s-seu ne-negócio, t-tudo bem, n-não tenho n-nada com i-isso. Mas p-precisa dar e-essa b-bandeira to-toda?
— Bah, desde que eu nasci que eu fuuuuuumo… Além do mais eu sou é deus, tá me ouvindo? DEUS! Eu faço o que eu quiser. Mas então: taí a fumaça durante o dia e a brasa à noite. Quando eu apagar meu baseado, esse será o sinal para vocês levantarem acampamento. Então já sabem: quando não houver nem fumaça nem brasa sobre o Tabernáculo, caminho da roça todo mundo. Tá bom?
— Be-beleza. E q-quando v-vai ser i-isso de-dessa v-vez?
— Logo logo. Depois da Páscoa. Aguarde e confie.

O Batata teve a cara-de-pau de me mandar uma tal de “Resposta de deus quando oramos o Pai-Nosso“, toda cheia de coisas bonitinhas. Manja nada esse Batata. Na verdade a resposta é assim:

Pai nosso que estás no céu…
— Fala, porra
… santificado seja o teu nome…
— Vai puxar o saco da puta que pariu
… venha o teu reino…
— Teu rabo. Faz um reino pra você, invejoso da porra.
… seja feita tua vontade assim na terra como no céu…
— Claro que será feita minha vontade, seu bosta. Queria que fosse feita a sua?
… o pão nosso de cada dia nos dai hoje…
— Vá pedir esmola em outro canto. Ou arrume um emprego. Só não me encha o saco. Vagabundo.
… perdoa nossas dívidas assim como nós perdoamos os nossos devedores…
— Perdôo é nada. Vai pagar e com juros.
… e não nos deixe cair em tentação, mas livrai-nos do mal…
— E vou me divertir como, porra???
… porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre.
— Tô ligado.
Amém.
— Já acabou a palhaçada? Posso voltar a dormir? HUMPF.

Não sei se vocês se lembram — eu mesmo não me lembro direito — mas no último capítulo os chefes das tribos trouxeram suas propinas ao Tabernáculo para assim garantirem a mamata. Algumas das ofertas que eles trouxeram foram entregues aos levitas, para auxiliá-los no serviço do Tabernáculo. Pois muito bem, agora que os caras já têm tarefas definidas e já têm material de trabalho, só falta mesmo começarem a trabalhar. E é disso que deus vai falar com Moisés:
— Moisés, precisamos organizar o evento de purificação e dedicação dos levitas. Acho que podemos fazer isso semana que vem. Não é nada demais, uma cerimônia simples, tô com tudo anotado aqui e… Mas peraí, tá muito escuro aqui. Arão! Ô Arão!
— Fala, Javé.
— Onde cê tava, porra?
— Mijando.
— Ah. Então. Ô Arão, arruma esse candelabro aí. As lamparinas tão iluminando os fundos da Tenda, puta servicinho porco. Ajusta aí… Isso… Isso, assim tá bom. Bom, Moisés, como eu ia dizendo, será uma cerimônia simples. Vocês vão separar os levitas do resto do povo e purificá-los.
— T-tô fora. N-não vou d-dar b-banho num m-monte de m-macho nem a p-pau.
— Não se empolga não, santa. Não é pra dar banho nos caras. A purificação será feita assim: Você vai só borrifar água sobre eles. Depois eles vão rapar os cabelos e todos os pêlos do corpo e lavar as roupas. É isso.
— Ah b-bom.
— Então. Depois eles trarão um touro novo e uma oferta de cereais, e você trará outro touro novo.
— P-putz. M-mais s-sangue?
— Pô, Moisés. Sem sangue, que graça teria? Mas peraí, que ainda não é agora. Primeiro você vai reunir todo o povo e botar os levitas na frente do Tabernáculo. Então o povo botará as mãos sobre as cabeças dos levitas e aí Arão vai apresentá-los a mim, como se fossem uma oferta. Pronto, a dedicação dos levitas é isso.
— L-legal. Mas e os t-touros?
— Ah, é. Então. Aí os levitas vão botar as mãos sobre as cabeças dos dois bichos e eles serão oferecidos no altar, um como oferta para tirar pecados, o outro para ser completamente queimado. E então os levitas com idades entre 25 e 50 anos poderão começar a trabalhar no Tabernáculo.
— Ce-cerimoniazinha p-pobre essa, n-não?
— Porra, Moisés, a gente tem que começar a simplificar esse negócio. O povo já está aqui no Sinai há um tempão. Cês precisam começar a viagem o quanto antes, senão nunca que vocês vão chegar à Terra Prometida. Bom, você não vai mesmo…
— He-hein?
— Hã?
— O q-quê?
— Que foi?
— E-EU N-NÃO V-VOU CH-CHEGAR À T-TERRA P-PROMETIDA???
— Claro que vai, Moisés, claro que vai! De onde você tirou essa idéia estúpida?
— VO-VOCÊ F-FALOU!
— Er… Falei, foi? Desculpe, me enganei. Relaxa, Moisés, tudo vai dar certo.
— Hu-humpf.
Bom, se Moisés chegará ou não a Canaã é coisa que ficaremos sabendo só lá para a frente. Por enquanto o que nos interessa é que a cerimônia foi feita e os levitas dedicados ao serviço do Tabernáculo. Papo vai, papo vem, e o povo de Israel já está há quase um ano fora do Egito. Como bem lembrou Javé, tá na hora desses negos começarem a se mexer.

Lembram quando isto aqui era um blog de sátira da Bíblia? Bons tempos, hein?
— Bons tempos o caralho, Chicoteia. Vãopará de coçar o saco e tratar de voltar logo à Bíblia.
Ok, ok, OK! Só preciso lembrar onde eu estava, dêem um tempo…

De tempos em tempos eu decido que vou ficar sozinho para o resto da vida. Tento me conformar com a idéia e só destacar os aspectos positivos da solidão, de modo que acabo até gostando da idéia. E é fácil, basta eu ter o cuidado de não me apaixonar por ninguém.
Então quando estou confortavelmente acomodado no meu grande quarto de paredes acolchoadas a prova de som, sempre me aparece alguma baixinha bochechuda com belos olhos, risada escandalosa e cortante ironia para trazer o caos de volta e foder com meus planos.
Ô raça.