Daniel (08:33 PM) :
pô, tava lendo que o José Hamilton, aquele repórter que tá no Globo Rural, perdeu uma perna cobrindo a guerra do Vietnã. legal, né?
Marcurélio (08:33 PM) :
Caralho, tava tentando lembrar o nome desse cara dia desses.
Daniel (08:35 PM) :
ele é bacana. tô dando uma lida em “Repórteres”, uma coletânea de impressões dos tais, e tem um texto dele. pô, eu leio e ouço a voz dele, como se narrasse em off uma reportagem sobre como se capa um boi no amapá.
Marcurélio (08:35 PM) :
É aquele em que ele conta como perdeu a perna? Que não sentiu nada?
Daniel (08:36 PM) :
não, é só uma crônica sobre a profissão.
Marcurélio (08:37 PM) :
Esse texto é foda. COMO É QUE UM PUTO PERDE A PERNA E NÃO SENTE PORRA NENHUMA???
Daniel (08:38 PM) :
e naquela época nem era uma guerra cirúrgica pra ter anestesia.

AHAHAHAHA
pegou? pegou?

Daniel (08:38 PM) :
sentiu nada. anestesia. pegou? haha

(…)

(Números 6:1-21)
— Narizeus???
Não, porra. Nazireus. É um termo hebraico que significa “consagrado a deus”. Um dia deus acordou sem nada para fazer e resolveu inventar isso de nazireus. E tratou logo de chamar Arão e Moisés para falar de sua nova criação.
— Ó, prestenção cês dois: Tava pensando aqui em instituir uma espécie de irmandade aqui. Um grupo de pessoas dedicadas totalmente ao meu serviço.
— Tá gagá mesmo… Cê já fez isso, Javé.
— Já?
— Claro que já! OS LEVITAS!
— Hum. É verdade… Mas sei lá. Os levitas já nascem dedicados ao meu serviço, sabem? Não tem muita graça. Eu quero que o cara pare e pense: “Taí. Vou trabalhar pro Javé”.
— A-autoestima em b-baixa, Ja-Javé?
— Mané autoestima! Pára de dar palpite na minha vida e anota aí. O homem ou a mulher que decidir tornar-se nazireu não poderá tomar vinho, nem suco de uva, nem poderá comer uvas frescas ou passas. Durante todo o tempo em que for nazireu, não poderá comer nada que venha da parreira.
— Ah, e-então o c-cara não v-vai ser na-nazireu pra s-sempre?
— Só se quiser. Já disse, é um trabalho voluntário. Então. Os nazireus também não cortarão o cabelo nem a barba, e não poderão em hipótese alguma tocar em cadáveres.
— Nem se, por exemplo, morrer a mãe do cara, a Dona Naziroa?
— Cê se acha engraçado, né, Arão? Não, nem em caso de morte de mãe. Se alguém morrer de repente do lado de um nazireu, e assim ele tocar um defunto sem querer, ele deverá rapar a cabeça e a barba para se purificar. Oito dias depois, trará como oferta para o Tabernáculo dois pombinhos para serem sacrificados. Nesse mesmo dia ele voltará a cultivar a barba e a cabeleira. E blablablá etc. e tal.
Não, não, Javé não falou “blablablá etc. e tal”. É que em seguida ele fala o que o nazireu deverá fazer quando acabar o tempo de sua dedicação, o que deverá trazer como ofertas para o Tabernáculo. Aquela ladainha de sempre: carneiros, ovelhas, pães. E, sejamos sinceros: ninguém agüenta mais essas descrições pormenorizadas de sacrifícios de animais inocentes. Além do mais, os nazireus não desempenharão nenhum papel importante nessa história por um bom tempo. Até aparecer Sansão, o nazireu mais famoso do mundo. Mas isso está beeeeeeem lá pra frente.

Durante minha vida, tenho ouvido muito as seguintes frases:

— Puxa, como você é inteligente!
— Nossa, como você é atento e observador!
— Cacildis, como você é calmo!

Tá, tá, essa última eu nunca ouvi. Mas tanto faz, porque hoje consegui provar definitivamente que não tenho nenhuma dessas três qualidades.
Acontece que fui ao Detran para fazer o exame prático de direção. Aquele mundaréu de gente, todo mundo nervoso. E então começaram os exames. Primeiro o pessoal do Corsa. A primeira a entrar no carro foi uma garota. Passou. Outra garota. Passou. Mais outra. Passou. Um cara. Passou. Outro cara. Rodou.
Beleza. Aí chegou a vez do povo do Gol. O primeiro rodou logo na baliza. O segundo esqueceu duas setas, dançou. E aí chegou minha vez. Entrei no carro. O corpo tremia todo. Eu suava.
— Bom dia.
— Bom dia, Marco. Quando você estiver pronto, pode começar.
“Cara legal”, pensei. Então ajustei o banco, os retrovisores, botei o cinto de segurança, liguei o carro, pisei na embreagem, engatei a primeira marcha, fui acelerando, soltando a embreagem, tudo perfeito e…
Morreu.
— Você deixou o carro morrer, Marco.
(Oh, não me diga!)
— Ok. Vamos lá de novo.
Religuei o bicho. Embreagem, primeira, acelera, solta embreagem, que maravilha, que perfeição, que obra de arte e…
Morreu.
— De novo, Marco.
— Tenho outra chance?
— Infelizmente não. Pode desligar o carro. E olha o que você esqueceu.
Meus olhos arregalaram-se. Eu não conseguia acreditar. Não podia ser verdade.

EU ESQUECI DE BAIXAR O FREIO DE MÃO!

Pois é. Era verdade. A maior burrice do universo. Desci do carro sentindo ódio e vergonha de mim mesmo. Mas ao ver a cara da instrutora, meu rosto iluminou-se:
— Arrá! Se fodeu! Vai ter que me dar aula de novo!
— Ai meu saco…
Xinguem-me! XINGUEM-ME MUITO! EU SOU UMA BESTA!

Roberto (11:21 AM) :
marco vc conseguiria me emprestar uns 400 ou 500 reais até sexta feira?
Marcurélio (11:22 AM) :
Não. Tô sem nada e ainda vou pra Curitiba.
Marcurélio (11:25 AM) :
Faz uns boquetes na Rua Aurora.
Roberto (11:26 AM) :
hehehehehhe mas boquete demora muito
vou raspar a bunda e por uma placa : “Bunda até sexta na promoção , mas só até sexta”