— E aí, Moisés? Já entregou a prata pro Arão?
— Hu-humpf…
— Hehehe. Bom, vamos definir mais umas coisinhas aqui sobre os deveres dos levitas. Vocês fizeram a contagem por grupos de idades?
— Por grupos de idades? Ué, você não pediu isso…
— Vocês têm que ser mais espertos! Têm que se antecipar! Tão pensando o quê? Tem muita gente de olho nesses cargos. Cês sabem como é o mercado: É um ninho de cobras! Eu mando vocês embora e terceirizo essa porra pela metade do preço!
— T-tá, Ja-Javé. C-calma. O que v-você quer a-agora?
— Eu quero que vocês agora contem apenas os levitas com idade entre trinta e cinqüenta anos. Mas vê lá, hein? Não vão contar surdos, cegos, doidos, aleijados. Porque esses serão os homens que trabalharão diretamente com as coisas do Tabernáculo, têm que ser aptos ao trabalho.
— Bom. Não vai ser tão difícil.
— Eita! Que disposição é essa, Arão? Tudo isso é medo de perder essa boquinha de sumo-sacerdote? Eu tava brincando! Relaxa, nêga! Mas como eu dizia: Vou dividir as tarefas entre os três grupos dos levitas.
— Ah, m-mas i-isso cê j-já p-pode fa-fazer a-agora.
— Hum… Tem razão, Moisés. Até que às vezes essa sua cabeça dura funciona. Então vamos lá. Pra começar, os coatitas. Esses caras serão responsáveis pelas coisas santíssimas do Tabernáculo. Quando vocês forem levantar acampamento, Arão e seus filhos abaixarão o véu que separa o Lugar Santo do Santíssimo, e cobrirão a Arca com ele. Por cima do véu vocês vão colocar uma coberta de peles finas, e por cima da coberta um pano azul. Feito isso, passarão os varais para transportes pelas argolas da Arca. E assim farão com a mesa dos pães, os altares de incenso e de holocaustos, o candelabro e todos os utensílios. Quero tudo embrulhado em pano vermelho e azul e em cobertas de peles finas. Só depois que tiver tudo pronto pra mudança é que os coatitas poderão entrar para começar o transporte da tralha toda. Mas com muito cuidado para não ver nem tocar nada. Se o fizerem, morrerão. Só os sacerdotes podem ter contato com essas coisas. Pra garantir que ninguém faça besteira, Arão e seus filhos vão coordenar todo esse lance aí do transporte. E Eleazar, filho mais velho do Arão, ficará encarregado do azeite da lamparina, do incenso, da oferta de cereais e do azeite de ungir. Tão entendendo?
— Bah, é o de sempre: Ou faz do seu jeito ou morre.
— É isso aí. Bom, aí tem o outro grupo lá. Os gersonitas. Como eu já disse, eles vão ficar encarregados de transportar as cortinas, véus, cordas. Tudo isso sob orientação dos sacerdotes, sempre. Aquele seu outro filho, Arão… Qual é mesmo o nome daquele mané?
— Itamar.
— Esse aí. O Itamar vai coordenar o trabalho dos gersonitas no transporte dos trens sob responsabilidade deles. Bom. Aí tem os outros caras lá. Os meta… mela… me…
— Me-meraritas.
— Isso. Os memeraritas.
— N-não. Me-meraritas.
— Foi o que eu disse. Memeraritas.
— Não s-são m-m-m-me-memeraritas. São ME-MERARITAS.
— Arão, traduz pra mim o que teu irmão tá dizendo antes que eu acabe com a raça dele…
— Meraritas, Javé.
— Ah, é. Então, os meraritas. O trabalho desses caras será o mais pesado: vão carregar todas as tábuas, colunas, estacas, bases. Enfim, todo o madeirame da tenda. O fulano lá… Como é o nome?
— Itamar.
— É. O Itamar vai coordenar o trabalho desses caras também. Deixa ver, deixa ver… É, acho que é isso. Alguma dúvida?
— N-não.
— Então por que ainda estão aqui olhando pra minha cara?
— Não estamos olhando pra sua cara. Aquele que contemplar a face do Senhor, certamente morrerá.
— Bah, cê entendeu. Que cês tão aí parado com cara de veado que viu caxinguelê? Bora contar os caras!
Então Moisés e Arão, auxiliados por aquele bando de manés de nome esquisito dos quais já falamos, foram contar os grupos de levitas. Tudo segundo as instruções recebidas: Homens entre trinta e cinqüenta anos de idade aptos para o serviço. Contaram 2.750 coatitas, 2.630 gersonitas e 3.200 me… mela… Como é mesmo o nome?
— Meraritas, porra!
Isso. 3.200 meraritas porra. Sendo assim, os levitas aptos para o trabalho no Tabernáculo eram em número de 8.580. Eram? Peraí, deixa eu conferir. Hum… É, dessa vez tá certinho.
Muito bem, acharam este capítulo chato? Pois vocês não sabem o que os espera nos próximos quatro capítulos…

Falei de Curitiba e esqueci do principal: Estarei no Rio de Janeiro no próximo fim-de-semana. Quero saber:
1. Quem vai me pegar no aeroporto/rodoviária (não decidi ainda como vou)
2. Quem vai me hospedar (é só de sábado pra domingo, porra. Custa nada)
3. Quem vai me levar pra balada
4. Quem vai me fazer um boquete inesquecível (custa nada!!!)
(update)
5. POR QUE O FALE COM DEUS ESTÁ REDIRECIONADO PARA O JMC, CARALHO???????????????????

Hoje eu tenho minha penúltima aula de direção. Só que os motoristas de ônibus de São Paulo resolveram entrar em greve e não tenho como chegar à autoescola.
Se eu tivesse um carro, nada disso seria problema. Mas aí também, que porra eu ia querer fazer na autoescola?
Ó vida…

Não. De uma vez por todas: Os levitas NÃO SÃO caras que levitam. Levitas são os descendentes de Levi, filho de Jacó. Dito isso, vamos em frente.
O terceiro capítulo começa dizendo que Arão tinha quatro filhos: Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Nadabe e Abiú, como já vimos, foram mortos por deus num ataque de baitolagem congênita. Eles não tinham filhos, então Eleazar e Itamar serviram como sacerdotes durante a vida de Arão. Guardaram bem isso? Mas bem mesmo? Então tá. Podem esquecer, que não vai servir pra nada.
Bom, então deus chamou Moisés e Arão:
— E aí, seus songo-mongos. Lembra que eu falei que os levitas seriam dedicados ao serviço do Tabernáculo?
— T-toda hora cê f-fala isso, Ja-Javé.
— Falo quantas vezes eu quiser. Oras. Então é o seguinte: Cês vão chamar os levitas e dizer a eles que acabou a vida mansa: a partir de agora eles são funcionários de deus. Vão cuidar de tudo que for relativo ao Tabernáculo. Qualquer não-levita que resolver trabalhar aqui será morto.
— …
— Ué! Não vão reclamar? Não vão falar que condenar uma pessoa à morte por uma bobagem dessas já é demais?
— Nah. Já estamos acostumados.
— Isso aí! Assim que eu gosto. Mas deixa eu explicar esse lance dos levitas: Quando eu tirei vocês do Egito, matei todos os primogênitos egípcios, tão lembrados? Então. Aí depois eu disse que todos os primogênitos do povo de Israel seriam dedicados a mim, assim como as primeiras crias de todos os animais. Lembram disso?
— C-claro.
— Então eu tava pensando: Controlar isso vai ser um inferno. Então vamos fazer assim: Os levitas serão dedicados a mim no lugar dos primogênitos, e seus animais todos serão dedicados em vez das primeiras crias dos animais do povo.
— Boa saída.
— Eu sou foda, Arão. Mas para fazer esse negócio direito, vou precisar de uma ajuda de vocês…
— Ai… Lá v-vamos nós c-contar m-macho de no-novo…
— Como é que cê adivinhou??? Pois é. Cês vão contar todos os levitas com mais de um mês de idade.
— Com mais de um mês??? Puta merda, vai dar um trabalho do cão isso aí.
— Não chia…
— Tá. E depois?
— Façam a contagem primeiro. Depois a gente vê.
Então Arão e Moisés começaram a contar os levitas. Para facilitar o trabalho, dividiram a tribo em três grupos. Essa divisão foi feita baseada na genealogia de Levi, que teve três filhos: Gérson, Coate e Merari. Então assim foram divididos os levitas, de acordo com o filho de Levi do qual descendiam: gersonitas, coatitas e meraritas. Não reclamem, eu não inventei esses nomes. A contagem ficou assim (o Excel tem sido uma mão na roda pra escrever o livro de Números):


O chefe desses três líderes aí em cima era o Eleazar, filho de Arão. E a distribuição desse povo ficaria assim: Os gersonitas acampariam atrás da tenda (que ficava a oeste), coatitas ao sul, meraritas ao norte e as famílias de Moisés e Arão ao leste, que era onde ficava a porta do Tabernáculo.
Bom, dadas todas essa informações profundamente inúteis, resta dizer que os dois foram levar o resultado da contagem para Javé. E ele, claro, já inventou outra coisa para eles fazerem:
— Bom. Muito bom. Agora cês vão fazer outra coisinha: Contar todos os primogênitos do povo com mais de um mês de idade. Quantos levitas vocês contaram?
— Vinte e dois mil e trezentos.
— Pois bem. Se o número de primogênitos for maior que o número de levitas (e eu tenho quase certeza que é), você, Moisés, pagará a Arão e seus filhos cinco moedas de prata para cada primogênito excedente.
— P-por que eu???
— Bah! Arão, cê tá de acordo?
— Claro.
— Dois a um, votação encerrada.
— M-mas…
— Mas nada. Vão lá contar os caras, que eu tenho pressa.
Os dois foram fazer a contagem e voltaram com um resultado não muito bom.
— 22.273?
— É. T-tem mais le-levita que p-primogênito. E a-agora?
— Ué, quem falou que tem mais levita que primogênito? São 22.273 primogênitos contra 22 mil levitas.
— V-vinte e d-dois mil e t-trezentos!
— Que porra é essa? Luiz Gonzaga? “Eu lhe dei vinte mil réis/Pra pagar três e trezentos/Você tem que me voltar…”
— V-VINTE E D-DOIS M-MIL E T-TREZENTOS!
— Não, não é assim a música.
— N-não tô fa-falando da m-música! N-nós contamos 22.300 le-levitas!
— Foi mesmo? Pra mim eram 22 mil. Arão, cê lembra quantos levitas eram?
— Hum… 22 mil. Tá aqui, ó.
— A-Arão, cê t-tá r-roubando!
— Porra, Moisés, cê já tá bem velho pra ficar brigando com seu irmão por causa de bobagens. Paga logo pro Arão a prata correspondente aos 273 primogênitos a mais. Sendo cinco moedas de prata por cada um… Quanto dá isso, Arão?
— Arredondando, dá quinze quilos e meio.
— Legal. Moisés, pesa a prata aí e paga seu irmão.
— M-mas…
— TÔ MANDANDO, PORRA!
Moisés, sabendo que não valia a pena discutir, saiu para pesar a prata.
— HAHAHAHAHA! Boa essa, Javé!
— Eu sou o melhor, Arão! Então, vamos dividir essa prata aí. 60% pra mim, 40% pra você e seus filhos.
— Porra, Javé. Por que não meio a meio?
— E por que não fulminar você com um raio agora mesmo?
— …
— Sabia que você ia concordar.