(Levítico 18)
— Muito bem, vamos lá. Putaria.
— Ôba!
— Essa piada já foi, Arão.
— Ah, é. Desculpa aí, foi mal.
— Então. É o seguinte: Eu não quero que vocês ajam como os egípcios. Lembram a baixaria que era lá, a esculhambação? Pois em Canaã, pra onde vocês tão indo, é a mesma coisa. E eu não quero que vocês sejam assim. O negócio aqui é sério. Por isso resolvi fazer leis pra isso também. Vão anotando aí.
— Po-porra, Ja-Javé. Já t-tô com t-tendinite.
— Depois eu te pago uma fisioterapia, Moisés. Agora anota: É proibido comer a própria mãe. Claro, ninguém quer ser filho de um corno e de uma puta. Então tá proibido. Assim como trepar com qualquer esposa do pai. Com irmã também não pode, mesmo que seja só por parte de mãe ou de pai, ou que tenha sido criada longe. E isso vale pra filha, neta, tia, cunhada, nora.
— Avó pode?
— Claro que não, porra!
— Pô, mas se meu pai come minha mãe todo dia, seria justo eu comer a dele.
— Cê tá todo engraçadinho hoje, né Arão? Vamos trabalhar mais e deixar de conversa mole. Deixa eu ver aqui… Hum, um teste pra você. Suponha que você, Arão, comeu uma dona aí. Beleza, comeu, não ligou no dia seguinte, nunca mais viu. Vinte anos depois você encontra a filha da mulher. Linda, gostosa, uma coisa. E ela te dá bola. O que cê faz?
— Gostosa e me dando bola? Eu traço!
TRAÇA É PORRA NENHUMA! Ela pode ser sua filha, ô burro!
— Ah, é…
— Fica esperto. Moisés, cê é casado com aquela baranga lá. Qual o nome dela mesmo?
— Z-Zípora.
— Pois então. Suponha que a Zípora tem uma irmã. Você se casaria com a irmã dela?
— C-claro que n-não!
— Muito bem! E por que não?
— P-porque na-naquela fa-família é t-tudo sangue r-ruim.
— Ai, meu saco… Não, Moisés. Você não pode se casar com a irmã de uma mulher com a qual você já esteja casado, isso é verdade. Mas é pra evitar dor de cabeça. Esse negócio de poligamia já dá uma confusão danada, cada uma das esposas querendo ser a predileta, aquele nhenhenhém. Se além disso duas delas forem irmãs, aí é que o cabra não tem sossego mesmo. Entendeu?
— E-entendi.
— Então vamos em frente. É proibido ter relações sexuais com uma mulher menstruada. Comer a mulher dos outros, nem pensar. Hum, que mais… Ah, nenhum pai deverá entregar seu filho para Moloque.
— Mo-Moloque? Q-quem é e-esse ca-cara?
— Um dos deuses lá de Canaã. Cês falam mal de mim porque peço sangue de ovelha, cabra, bezerro. Pois saibam que lá os caras oferecem os próprios filhos em sacrifício a Moloque.
— Cáspita!
— Pois é! Eu sou um deus até que maneiro, vocês que são uns ingratos. Humpf. Bom, deixa eu ver, acho que não falta mais n… ÔPA! Tava esquecendo um negócio importante: Eu não su-por-to veadagem!
— HUM!!! Não su-por-ta! Santa!
— Arão, tu anda muito abusado. Fica na sua aí que é melhor. E deixa eu continuar: Homem que ceder o berráindi, vai se ver comigo.
— Q-que fi-fizer o q-quê?
— Que der ré no quibe, Moisés.
— Co-como?
— Ai ai… Que beijar de lado.
— A-ainda não e-entendi.
— PORRA, MOISÉS! TÔ FALANDO DE EMPURRAR A JANTA! CEDER O ANEL DE COURO! DAR O REDONDO! ENTREGAR O BUTICO! LIBERAR O BRIOCO! FORNECER A CAUDA! CONCEDER O TRASEIRO! ARRENDAR OS FUNDILHOS! ATENDER PELA PORTA DOS FUNDOS! PISAR NA CHAPINHA! ESCORREGAR NO QUIABO! Entendeu?
— …
— Bah! Bota aí que é proibido dar a bunda.
— A-ah!
— Grunf. E é proibido também ter relações com os animais.
— Pô, mais e a Genov…
— Como, Arão?
— Hein? Nada não.
— Não, cê falou alguma coisa.
— Nah! Tava pigarreando! Toca o barco, Javé, toca o barco!
— Hum. Bom. São essas aí essas leis. E devem ser seguidas à risca. Uma das razões pelas quais eu odeio aquele povo lá de Canaã é por causa da putaria que é aquilo lá. Tudo anotado?
— Beleza.
— Então vamos em frente. Falta pouco.
— S-sério?
— Não.
— HUMPF.

Uma pena que depois desse dia eu nunca mais vi a Lilla. Ela anda muito ocupada com os ensaios da escola de samba da qual é passista. E olha, posso garantir a vocês: Essa mulata samba MUITO. Deixa a Globeleza no chinelo. É isso aí, Lilla! Uma pena não nos vermos mais, mas sei que você está perseguindo seu sonho: Ser um dia protagonista das vinhetas carnavalescas da Globo e sair na capa da Fatos & Fotos especial de Carnaval.

Foi quando eu conheci a galera do Neurônio Descontrol. A maninha, que eu acabara de conhecer pelo ICQ, me convidou pra ir a um boteco com esse povo que eu não conhecia. Oras, cerveja, tô dentro. Marcamos para sete horas o negócio e beleza.
Cheguei cedo ao Empanadas. Fiquei tomando uma cerveja e lendo. Nada de povo desconhecido. Bom, claro que tinha um monte de gente desconhecida, mas ninguém dava mostras de me conhecer, então fiquei na minha. Lá pelas tantas desisiti de esperar. Fui saindo, e descobri que o Empanadas tem dois “ambientes” (na verdade são dois bares vizinhos). Uma garota me chamou de uma das mesas do outro bar.
— Marco Aurélio!
Fui até lá.
— Oi, tudo bem com você?
— Bah, cê nem sabe quem eu sou.
— Ué, você não é a maninha?
— Bah! Eu sou a Lilla.
— Lilla? “A” Lilla???
— É.
— Porra! Vai tomar no cu!
— Vai você.
Era a Lilla. A pessoa mais amada desse mundo bloguista. Companhia agradabilíssima, sincera, riso franco, mau humor de mentirinha. Dona do agora falecido Quem se importa?. Sempre fui fã da Lilla, e de repente ela me aparecia assim, sem eu estar preparado. Nem consegui falar com ela direito esse dia, de tão desconcertado que fiquei. Além do mais, logo chegaram a organizadora maninha, mais o Drex, a Marcela, a Camila, todos me sacaneando com papo de celebrity e não sei mais o quê.
Só da outra vez que nos vimos, no mesmo bar, consegui dizer pra ela o que precisava ser dito:
— Lilla, eu sou seu fã.
— Mané fã. Vai se foder.
— Lamba minhas bolas.
— Bah!
— Bah!
E depois desse riquissímo diálogo, como era de se esperar, passei a admirá-la mais ainda. E este negócio todo agora na verdade é só pra me desculpar por ter sido tão seco ao telefone no sábado. Desculpa, Lilla. Não sei falar ao telefone. Mas ainda sou seu fã. Beijos, menina.

Parece estranho o título? Que houve, Marcurélio virou analfabeto? Não! Marcurélio está fazendo o curso do CFC (Centro de Formação de Condutores) para filnalmente tirar sua carteira de motorista. Pois é, agora tem isso. Antigamente era só decorar um folhetinho com as placas de trânsito e tal. Agora não: Tem um curso de 30 horas envolvendo Sinalização, Legislação, Direção Defensiva, Primeiros Socorros, Meio Ambiente, Cidadania e Mecânica Básica. A apostila que abrange todo este rico conteúdo tem o título desde post. E com um título assim torto, vocês já podem imaginar a qualidade do conteúdo. Eu poderia dar centenas de exemplos de coisas bisonhas aqui. Mas vou transcrever um trecho da aula de Direção Defensiva que eu acho que resume bem o tom do material didático:

“Nenhuma forma de transporte rodoviário exige mais atenção do condutor do que o veículo automotor. Um maquinista de trem conta com seus auxiliares. O avião comercial tem controles duplos, sendo um para o copiloto (!!!). O comandante do navio, por sua vez, é auxiliado pela tripulação”

Peraí, peraí! Não era de transporte rodoviário que falávamos? Como é que o cara me vem com maquinista, piloto, comandante de navio???
É isso aí, crianças. E pensar que eu podia ter tirado minha carta há dez anos, quando não existia nada disso…


Thiago Capanema. Conheci esse cara no meio do ano passado. E parece que somos amigos de infância. O que é, obviamente, uma impossibilidade, sendo eu quase onze anos mais velho que ele. Mas não vem ao caso. O negócio é que somos amigos hoje, e muito me honra contar com seu brilhantismo e bondade e gentileza e veadagem.
Feliz aniversário, moleque.

Não, obrigado. Eu não quero ver as fotos da mulher esquartejada. E você, antes de repassar o email com as fotos, faça um exercício de imaginação: E se fosse sua mãe, sua irmã? Você gostaria de vê-la exposta dessa forma grotesca e mórbida? Acho que não. Então não repasse. Duvido muito seriamente da sanidade de quem aprecia coisas assim.
Não são pedaços de carne apenas. Aquilo foi um ser humano um dia, com toda a glória e com toda a merda de todos nós. Mas e quem contribui para a propagação dessas imagens, pode ser considerado humano? Tenho cá minhas dúvidas.


Agora eu poderia sapecar um www.jesusmechicoteia.com no meio da figura, né? Tanta gente faz isso, por que eu seria diferente? Digo porquê: O verdadeiro autor dessa montagem aí (que nem é lá essas coisas) não se preocupou em identificar-se. Se o cara que teve o trabalho de fazer não teve essa pretensão, por que eu teria?