Todos já devem ter percebido que não sei mais escrever, né? Então vou apelar. Verissimo, por favor.

As razões do clube
Parece mentira, né? Lula presidente. Para quem, como eu, votou nele desde a primeira tentativa, é um pouco como dar adeus a um velho hábito. Já estávamos acostumados à decepção, a perder de quatro em quatro anos só para concluir de novo que o Brasil não tinha jeito mesmo, que alguém como ele jamais seria eleito, que a maioria oprimida jamais teria vez, porque as elites, porque o capital internacional, porque os americanos… E não é que o homem me ganha? Mas o ceticismo entranhado custa a morrer. Depois dos festejos vem a desconfiança. O que deu errado desta vez? Ou, mais intrigante: o que deu certo?
A primeira tentação é a de invocar o filósofo Marx, Groucho Marx, e alertar o Lula sobre o risco de entrar num clube que aceita sócios como ele assim tão facilmente. O segundo pensamento é mais especulativo, e otimista: e se o clube mudou? E se o Lula ganhou o apoio de gente que antes assustava não apenas porque a barba preta ficou grisalha e o discurso abrandou, mas porque há um sentimento generalizado de que algo está desmoronando, algo está chegando ao fim, e que é preciso colocar outra coisa pelo menos organizada no seu lugar, antes que a pura raiva antitudo tome conta? O anti-Lula desta vez não se criou porque o sistema desanimou cedo. O Serra foi um produto do desânimo do sistema.
Fala-se muito que o governo Lula terá pouco espaço de manobra para fazer o que pretende, com os compromissos que herdará. Mas o sistema internacional também está em crise, também há luta dentro do clube deles sobre o que é conveniente e o que é negociável para que o sistema sobreviva à sua própria irracionalidade, e talvez também haja interesse em facilitar a vida do novo sócio. Que, afinal, já declarou que não vai limpar os sapatos com o guardanapo, só quer mais consideração e justiça.

Estou há um mês usando Speedy sem provedor. Para quem não sabe, Speedy é o nome do serviço de conexão ADSL à Internet fornecido pela Telefonica aqui em São Paulo. Sou ou não sou um malandrão, um marginal, um homem misterioso e cheio de charme?
Não sou?
Hum.