— E aê, Moisés? Tá boa a cerveja?
— T-tá b-brincando??? E-Essa po-porra é S-Schincariol!
— Porra, cê queria o quê? Foi o que eu pude arranjar, aqui no meio do deserto. Pô, sou deus mas não sou dois. Aliás, bota isso na cabeça do povo: Eu sou um só. Isso é importante. E por falar nisso, vamos passar às leis morais e religiosas. Deixa eu ver, por onde eu começo? Hum. Putaria! Putaria é sempre um bom modo de começar. Pois vamos lá: Se um homem comer uma menina virgem que não estiver prometida para casar, será obrigado a pagar o dote e se casar com a moça. A não ser que o pai da menina não permita de jeito nenhum que ela se case com o sujeito. Aí o cara vai pagar multa.
— J-Javé, o-onde é que o c-cara v-vai a-achar uma v-virgem?
— Ah, Moisés, sei lá. É só um exemplo. Vamos em frente: Se algum demente resolver que quer trepar com os bichos, será morto.
— E-então eu n-não po-posso m-mais m-mandar A-AArão ir d-dar pro ca-cavalo?
— Poder, pode. Ele que não pode ir, oras. Hum. Matar, matar. Gosto de pena de morte. Ah, as bruxas! As bruxas devem ser mortas! Morte às bruxas! E quem adorar a outros deuses, será morto também. PEGA! MATA! MATA! SANGUE! SANGUE!
— C-calma, J-Javé. O-olha a sua p-popularidade…
— Ah, é. Melhor eu falar de coisinhas bonitas. Ah, já sei: Vocês vão proteger as viúvas e os órfãos. Isso é uma ordem. Se vocês não o fizerem, EU MATO VOCÊS TODOS NA GUERRA E AÍ SUAS MULHERES E FILHOS É QUE FICARÃO VIÚVAS E ÓRFÃOS! SANGUE! SANNNNNNNNNNNGUEEEEEEEEEEEEEEEE!!!
— J-Javé…
— Ôpa, foi mal. É mais forte que eu. Mais coisinhas fofinhas: Eu proíbo vocês de cobrarem juros sobre empréstimos.
— Q-QUÊ??? S-somos i-israelitas, e-esqueceu? Já v-viu ju-judeu n-não co-cobrar j-juro?
— Putz, é mesmo… Bom, deixa assim por enquanto, depois a gente acha uma brecha na lei e tal. Em tudo se dá um jeitinho, Moisés, é só ter jogo de cintura.
— D-deus é b-brasileiro m-mesmo…
— Como disse?
— N-nada. T-toca o b-barco.
— Vamos lá. Quem tomar a roupa de alguém como garantia de empréstimo, deverá devolver a roupa antes de anoitecer, mesmo que o empréstimo não tenha sido pago. Porque, convenhamos: Um cara que dá a roupa do corpo como garantia de empréstimo tá muito fodido mesmo, nunca vai ter como pagar, e trouxa é quem empresta alguma coisa pra um cara desses. Que mais, que mais? Ah, vocês não podem reclamar de mim. Nem do governo.
— P-pô, s-sacanagem!
— Sacanagem? Ora, Moisés, é necessário que se mantenha a ordem nessa zona aí.
— T-tá, mas q-que go-governo?
— Ah, quando vocês chegarem à Terra Prometida a gente vê isso. Por enquanto o governo é você.
— T-taí, g-gostei.
— Sabia que cê ia gostar, seu velho sem-vergonha. Mas vamos logo terminar essa parte. Os primogênitos de vocês serão dedicados a mim. Ah, e os dos animais também. Só que as crias dos animais serão sacrificadas. Os filhos de vocês, não. Olha como eu sou bonzinho.
— T-tô vendo…
— Bah, Moisés, tô ficando velho. Não tenho mais disposição pra fazer coisas como o Dilúvio e a destruição de Sodoma e Gomorra. Quero me aposentar logo, então vou deixar essas leis escritas aí, pra eu poder descansar, sabe? Mas enquanto eu não me aposento, fica na sua aí e presta atenção no que eu digo. Vamos passar agora às leis de justiça e misericórdia.
— P-puta que p-pariu…
— Paciência, Moisés. Paciência…

Estava devendo a publicação, me desculpem.
Primeiro o que eu recebi do Lelê, meu afilhado, que voltou com seu Eppur si muove, agora com dois “pês”, seguindo orientação de sua numeróloga. Pode deixar, gordo, eu vou contar o Levítico aqui também.

E tem esse muito legal, que a Denise me mandou. Obrigado, menina!

E o Cacá também me mandou um. Puxa, não sabia que o diabo também lia o Jesus, me chicoteia!