Mencionei aqui o abuso que certas putas estavam praticando para divulgar o blog delas. O moskito também falou nisso, com mais propriedade que eu. Fiquei surpreso ao entrar no tal blog e ler um post dizendo que essa polêmica toda, nosso ódio contra elas, devia-se a uma suposta postura moralista de nossa parte, porque somos hipócritas e blá-blá-blá. Então deixei um comentariozinho petulante lá:

Não se faça de inocente. Não há polêmica alguma a respeito do conteúdo do blog de vocês (que, aliás, não tem nada de escandaloso, desculpem dizer isso). O problema é vocês terem saído fazendo propaganda do blog nos comentários dos outros. Os comentários servem para os leitores darem seu parecer sobre o que leram — é o que estou fazendo agora — e não para sair colando a mesma mensagem no último post de todos os blogs “famosos” (entre aspas, porque não existe blog famoso, a não ser na cabeça de certos blogueiros). Por essa atitude, foram banidas dos comentários dos meus blogs e de outros, e continuarão sendo. Só se prejudicaram com essa atitude boba. E, uma dica: Apimentem um pouco mais o negócio aqui, tá muito fraquinho.

Será que agora elas se mancam?

— E aí, Moisés? Pronto pra continuar?
— T-tenho a-alternativa?
— Claro que não. Pois bem, vamos em frente. Leis de justiça e misericórdia. Redigi esse conjunto de leis cuidadosamente para evitar que Israel fique feito minha terra, o Brasil. Aquilo lá é uma zona. Aqui não! Aqui eu quero as coisas funcionando direito. Vou começar pelo mais simples: Não espalhem notícias falsas. Não quero saber desse negócio de fofocas, mexericos, boatos, e-mails sobre gatos-bonsai e a venda da Amazônia. Todo dia recebo uma caralhada dessas mensagens: É o cara que acordou sem rins numa banheira de gelo, é o outro que cheirou éter achando que fosse perfume e foi seqüestrado, é TV que explode e mata criança, é campanha para libertar Dona Antonia, puta que pariu! Isso me irrita, sabia? TENHO VONTADE DE MATAR O FILHO DA PUTA QUE ME MANDA ESSAS COISAS! MATAR! SANGUE! SANNNNNNNNNGUEEEE!!!!!!!
— J-Javé, o-olha seu co-coração.
— HUMPF! Bom, vamos em frente com essa porra. Tem umas coisas que são muito óbvias, mas se eu não disser que é lei, vocês vão e fazem, na maior cara-de-pau. Falso testemunho, por exemplo: Preciso descer do céu, onde tenho mordomias e como tudo quanto é vagabunda, pra vir dizer a vocês que é errado? Mas se eu não disser, neguinho dá uma de joão-sem-braço, “Ah, não sabia!”. É foda. Então é isso, que fique bem claro: Mentir pra prejudicar os outros é um puta troço nojento, e eu vou foder com a vida de quem fizer isso. Mesmo que seja, sei lá, pra ajudar um cara pobre e tal: Se for com mentira, não quero saber. E ainda tem gente que vai fazer isso pra acompanhar a multidão, “Ah, se todo mundo tá dizendo que fulano é culpado, vou dizer também”. Taí um negócio que me emputece de verdade: Maria-vai-com-as-outras. Sabe o que eu respondo a essa gente? Sabe, Moisés?
— “E se tiver todo mundo se jogando de cima de um prédio bem alto, você vai também?”
— Ué, cê não gaguejou!
— É q-que f-foi u-uma ci-citação.
— Ah… Mas como você sabia que era isso que eu respondia pra esse povo?
— M-minha m-mãe v-vivia fa-falando i-isso q-quando eu era mo-moleque. E eu n-nem sabia que e-ela era m-minha ma-mãe, p-pensava q-que f-fosse s-só u-uma b-babá, a-achava q-que m-minha ma-mãe fo-fosse a fi-filha do Faaaaa… Fa-Faaaaaaaa… Fa-fi-Fu-Faaaaaaaa…
— Tá, Moisés, tá! Todo mundo já sabe dessa história, se você for recontar, tamos na roça. Não temos tempo a perder com sua gagueira, vamos em frente. Bom, essa parte de falso testemunho eu já acabei. Deixa eu ver o que vem agora… Bom, acho que ajudar os amigos é uma coisa que todo mundo faz, então nem vou falar nisso. Agora, o bicho pega quando se trata de inimigos. Por exemplo: Um cara vem andando pela estrada, sem nada pra fazer, e vê um jumento ou boi desgarrado que ele sabe que pertence a um inimigo. Pois bem, é obrigação dele pegar o bicho e levar até o dono. O mesmo acontece se der de cara com um desafeto tentando levantar um jumento que arriou embaixo da carga: Deve ir ajudar o cara, mesmo sendo inimigo. E isso serve para quaisquer situações.
— S-sei. Re-resumindo, é p-para a-amar os i-inimigos, é i-isso?
— Amar os inimigos? Tá louco? É pra manter a sociedade funcionando direito, não tem nada de amor aí. Esse papo de amor é coisa do meu filho, mas ele é meio hippie, ninguém leva o moleque a sério. E espero que nunca levem.
— C-cê t-tem um fi-filho?
— Tenho, mas não quero falar nisso. Vamos tratar da nossa vida aqui, deixa meu filho pra lá. O que tá faltando? Hum… Suborno. Suborno é foda. O cara que recebe suborno muda seu discurso, se finge de cego, de surdo, é uma merda. Ninguém deve aceitar suborno. E acho que é só isso. Ah, os estrangeiros! Já ia me esquecendo dessa parte. Vocês devem se lembrar que foram estrangeiros na terra do Egito, então devem tratar bem os estrangeiros que forem à terra de vocês, beleza? Isso é importante. Tá prestando atenção, Moisés?
— T-tô t-tentando…
— Pois preste muita atenção, que ainda tem mais.
— P-peraí s-só um po-pouco. P-precijo mi-mijar.
— Beleza, tô esperando. Mas vai rápido, ainda falta muita coisa.

Não tendo mais o que fazer, lá vinha o pato, cantando alegremente:
— Qüem-Qüem.
Um marreco que ia passando, sorridente, pediu:
— Também posso entrar no samba?
— Claro — respondeu o pato.
E seguiram seu caminho cantando. Acabaram por encontrar um ganso, que não perdeu tempo: Mandou logo seu “Qüem-Qüem” e convidou um cisne para juntar-se a eles:
— Creio que um quarteto seria o ideal.
Pois muito bem. Foram os quatro para a beira da lagoa ensaiar. A música escolhida para começar foi “Tico-Tico no Fubá”. E teve início o ensaio. A voz do pato era esganiçada demais, e o choque de vaidades com o ganso mostrou-se evidente. Apesar desses percalços, no entanto, o final foi muito bom: As quatro aves caíram na água, cantando em uníssono:
— Qüem-Qüem-Qüem-Qüem

Marcurélio, cê precisa comer alguém…