O povo de Israel saiu de Elim em direção ao deserto de Sim…

— Não!
— Calaboca.

Eu ia dizendo que eles foram para o deserto de Sim, que fica a meio caminho entre Elim e o monte Sinai. Falando assim parece tudo muito rápido, mas já fazia dois meses e meio que os hebreus tinham saído do Egito. E no meio do deserto, o povo começou a reclamar:
— Caralho, Moisés! Não tem nada pra comer nesse lugar, cê tirou a gente do Egito pra morrer de fome no deserto? Melhor era lá, que tinha carne e pão todo dia. Puta que pariu!
Moisés — que era uma espécie de gerente, espremido entre as lamúrias dos subordinados e as ordens do diretor — foi falar com deus sobre a falta de comida que, de fato, estava difícil de suportar.
— Ué, o povo não tem pão?
— N-não.
— Então que comam brioches. HAHAHAHAHA. Não, sério. Hum. Já sei. Vou fazer chover comida pra esse povo parar de encher o saco.
— Co-conta outra…
— Porra, Moisés, num fode. Cê já viu eu fazer coisa mais difícil, isso aí vai ser moleza. E digo mais: Hoje à tarde cês vão comer carne. Espera só pra ver.
E não é que era verdade? À tarde um bando de codornas, vindo sabe-se lá de onde, invadiu o acampamento. Foi uma festa: Codorna assada, codorna frita, codorna cozida, guisado de codorna, strognoff de codorna, ovos de codorna para Moisés e Arão, uma maravilha. E durante a noite inteira caiu um orvalho do céu. De manhã, quando o orvalho evaporou, ficou na terra uma coisa fina, parecendo escamas. Quando os hebreus acordaram e viram tudo coberto por aquele negócio, começaram a se perguntar:
— QUE PORRA É ESSA, CARALHO?
— Esse — respondeu Arão, porque é um saco ficar escrevendo as falas de Moisés — é o pão que deus mandou do céu para matar a fome de vocês. Ontem foram as codornas, e a partir de hoje todos os dias teremos esse pão aí. Podem provar, tem um gostinho de pão de mel, é bom. A ordem de Javé é que vocês colham todos os dias um ômer por cabeça…

— Homer? Cabeça? HAHAHAHA!
— Calaboca, porra. O ômer era uma medida de volume, correspondia a 3,5 litros.
— Ô, Chicoteia. Posso continuar com esta merda?
— Desculpa aí, Arão. Vai na fé.

— Como eu ia dizendo, antes de ser rudemente interrompido, cês vão colher um ômer por cabeça, nem mais nem menos. E às sextas feiras vocês colherão porção dobrada, para não trabalharem no sábado. Parece que Javé tá com um projeto aí de dar folga pra todo mundo no sábado, acho que tem a ver com as Leis do Trabalho, o Velho tá com medo de levar uma multa, essas coisas.
Então o povo saiu colhendo aquele negócio, de acordo com as ordens de Arão. Enquanto colhiam, Moisés lembrou de uma coisa:
— A-atençao. V-vo-vocês n-não devem d-deixar n-nada p-pro d-dia s-se-seguinte!
Mas o povo não era besta, vai que era só naquele dia, e depois voltavam à miséria de antes, então muitos estocaram bem mais do que precisavam. Mas na manhã seguinte, o que tinham armazenado estava fedorento e bichado. E Moisés ficou muito puto.
— P-porra, eu n-não a-a-avisei? Co-confiem em m-m-mim, v-vai t-ter to-todo dia, não p-precisam g-guardar pro d-dia se-seguinte.
— A não ser na sexta-feira — complementou Arão, — quando vocês irão colher o dobro dos outros dias. O que sobrar da sexta vocês podem guardar para o sábado, porque o de sexta deus manda já pasteurizado e não vai estragar de um dia pro outro.
E assim fizeram. No sábado alguns ainda saíram para ver se tinha mais no campo, mas nada. Javé, que estava cheio de idéias para criar uma religião organizada, e com ela seus rituais, ordenou a Moisés que guardasse um ômer do pão caído do céu, para que servisse de lembrança às gerações futuras.
Legal, né? Pão chovendo do céu todo dia, era só sair e colher, que beleza! Mas agora imaginem comer só isso durante quarenta anos. Imaginaram? Pois foi o que aconteceu aos hebreus: Durante todo o tempo em que ficaram no deserto, só comeram maná.
Ah, por que maná? Maná, em hebraico, quer dizer “Que porra é essa?”.

Quando os federais grampearam e levaram o vizinho inocente
na delegacia ele disse, “Doutor,
não sou agricultor,
desconheço a semente”

Porra, Bezerra, preciso escrever. Dá um tempo, malandragem!

Costumo entrar no Nedstat para ver como as pessoas chegam até aqui. Porque é muito engraçado ver as coisas que esse povo procura nas ferramentas de pesquisa da Internet, mas principalmente para saber quem são as pessoas gentis que recomendam este pobre blog. Quando vejo lá algum blog ou site novo, faço uma visita e agradeço. E ultimamente tem acontecido um negócio estranho: Alguns bloguistas se referem a isto aqui como “O famoso Jesus, me chicoteia!”. Ora, pelamordedeus! Meia dúzia de pessoas me lêem! Famosos são a brazileira!preta, o Catarro Verde, o não vá se perder por aí, o sutil como um paquiderme. O Chicoteia, quando muito, é um bloguezinho de quinto escalão.

Meu blog está sendo visitado por uma horda de futuros pastores. O Anel de Tucum (hehehe) recomendou ao Mickey, que se abriu toda e saiu espalhando, e agora tem até um seminarista herege lendo isto aqui. E sabem o que é pior? Eles estão gostando! Vejam só o comentário do Herege: “Caralho! Vc manja muito de Bíblia! Parabéns. A história do povo Hebreu como ela (quase) foi… Tá, eu tô fodido, vou ser pastor, mas, tô me divertindo à beça. Demais…”
Porra, isso lá é linguajar de pastor, mano? É? Legal!