Um trecho da matéria da Época que deveria estar logo no começo, mas deixaram para o final:
Um dos temas favoritos da bispa Sonia, em suas pregações aos fiéis, consiste em condenar o farisaísmo. Apesar disso, sua igreja não funciona como as denominações evangélicas tradicionais. Estas são gerenciadas pela comunidade. Como num condomínio, elege-se um tesoureiro para cuidar dos recursos. Ele paga o salário ao pastor. O valor é determinado pelos fiéis. Há fiscalização e controle das verbas. É assim nas igrejas batistas, presbiterianas, metodistas ou episcopais, entre outras.

Não vou defender aqui o “apóstolo” Estevam Hernandes nem sua esposa, a “bispa” Sônia. Acho até que se ele estiver mesmo tão empenhado em imitar o apóstolo Estêvão original, o primeiro mártir do Cristianismo, eu estarei disposto a participar do apedrejamento. Mas sinto-me compelido a falar sobre o assunto, e meu ponto de vista é o de quem sabe que há um preconceito muito forte e agressivo contra os protestantes no Brasil.
Há pouco tempo, quando surgiu o caso dos padres pedófilos, revista nenhuma saiu com manchetes como “Os Pedófilos de Cristo” ou “Vinde a Mim as Criancinhas”. É claro que não: o que esses caras fazem é repugnante e merecedor de penas severas, mas isso nada tem a ver com a instituição que eles deveriam representar. Até onde eu sei ninguém sequer levantou a possibilidade de a Igreja Católica ser uma instituição pedófila. Óbvio: Seria um crime contra o bom senso.
Mas o bom senso é esquecido quando se trata de protestantes, evangélicos, crentes, ou como quiserem chamá-los. O Edir Macedo é um canalha? Ah, então todo crente é canalha. O Jimmy Swegart é adúltero, hipócrita e ladrão, logo isso se aplica aos seus seguidores. Sua tia crente é fanática e intolerante, portanto toda crente é fanática, intolerante, tem bigode e perna cabeluda. Não tem lógica nenhuma nisso, mas é fato: Nota-se em tudo um ódio pelos crentes que beira a perseguição cega. Aí me vem a revista Época, que alcançou o máximo da credibilidade quando espalhou pelo país outdoors com a apresentadora e mãe de família Soninha ao lado da frase “Eu fumo maconha”, e sapeca na capa a manchete que vocês vêem aí ao lado, “Os caloteiros da fé”. Fico até imaginando a reunião na redação da revista:
— E aí, a manchete?
— Que tal “Estelionatários de Deus”?
— Hum… Longo demais.
— “Pilantras de Cristo”?
— Melhorou.
— Já sei! “Os caloteiros da fé”
— Perfeito!
Lembro-me dos meus tempos de batista (sim, fui cristão e não me arrependo disso, no mínimo me rendeu este blog), quando a Renascer começou a se destacar por ser pioneira na introdução do rock, do samba e outros ritmos populares na igreja. Às segundas-feiras, a sede da Lins de Vasconcelos tornava-se ponto de encontro dos jovens evangélicos (e católicos carismáticos, é bom que se diga) que se sentiam tolhidos em suas igrejas, e iam para a Renascer. Eu fui uma vez só e não gostei muito. Como bom batista, achava aqueles arroubos emocionais muito teatrais para serem levados a sério. E passei a levar menos a sério ainda quando, na Segunda Marcha Para Jesus (participei da primeira, mea maxima culpa), vi o hoje apóstolo, então apenas Estevam Hernandes, convidando pela TV as pessoas a comparecerem: “Venham, vai ser uma tarde muito legal, vamos falar de paz, de amor, de harmonia, de ecologia” e por aí afora, sem citar em nenhum momento que tratava-se de uma manifestação religiosa. Para vocês terem uma idéia, a Renascer era sempre referida como “fundação” e só muito tempo depois assumiu sua postura de igreja. Decepção maior, no entanto, veio quando o casal resolveu rifar uma BMW e o “apóstolo” ganhou a rifa.
Bom, já perceberam que não tenho a mínima vontade de defender o casal e seus cupinchas. Mas não posso aceitar que os atos de alguns indivíduos possam macular milhares, milhões de pessoas. A tal Marcha para Jesus, que ocorre todos os anos, atraiu no mínimo um milhão de pessoas no sábado e a imprensa não deu o mínimo destaque. Por outro lado, vimos hoje no Fantástico o caso de um suposto milagre operado pela primeira santa brasileira, Madre Paulina, que não passou de uma cirurgia bem sucedida e de um pouco de sorte. As pilantragens de algumas pessoas ligadas a igrejas evangélicas são destacadas à exaustão, mas ninguém se lembra de mostrar o grande trabalho social das igrejas. Um pastor da Igreja Universal (um canalha, aliás) quis mostrar que uma imagem de Nossa Senhora era apenas gesso e mais nada. Em sua empolgação, bateu de leve na imagem com o lado do pé. Pronto! Chutou a santa! Foram meses com essa história. Em resposta, a Globo — que eu não sei quem elegeu como defensora da Igreja Católica, o Papa é que não foi, porque é um cara legal — levou ao ar uma cena em que uma calcinha era jogada sobre uma bíblia. Ridículo, sim. Mas com o claro intuito de profanar um símbolo que é importantíssimo para os protestantes. A propósito, qual editora publica a Época? Editora Globo? Ah…
Se todas as acusações que pesam sobre Estevam e Sônia Hernandes forem verdadeiras (tudo indica que sim), espero que a justiça os condene. Mas espero também que a justiça condene a revista por essa atitude leviana, de lançar o epíteto de caloteiros sem provas, apenas pelo gostinho especial de aumentar ainda mais o ódio contra os crentes.

É este o nome do blog do Zezinho, vulgo Odair, também conhecido como Chico Tuíta. Está bem no começo ainda, mas como eu conheço esse moleque, sei que vai sair coisa boa daí. O que, no caso dele, significa que vem muita maldade pela frente. E por trás. Vocês entenderam. Cliquem aqui pra conhecer o blog do Zé.

Ora, ora, ora! Este blog já estava descambando para a pornografia, meus amigos! Onde ficam a moral, os bons costumes, a tradição, a família, a propriedade? Foi só meter televisão no meio que já virou putaria. Voltemos a bíblia, seus ímpios. Penitenciem-se!
Pois bem, o que foi que aconteceu com Jacó e sua alegre patota? Os filhos acabaram com uma cidade, e o bando todo precisava sumir do mapa, e rapidinho. Foi quando deus (sim, deus, ele ainda é personagem da história) veio falar com Jacó.
— Israel!
— Porra, me chama de Jacó. Não gosto desse nome.
— Jacó, Israel, Zé Mané, te chamo do jeito que eu bem entender. Eu sou é deus, tu tá pensando o quê?
— Tá, tá. Fala, véio.
— Véio é o diabo que te carregue! É o seguinte: Teus filhos aprontaram feio dessa vez e vocês têm que tratar de sair daqui.
— Disso eu já tô sabendo, oras! Se é pra vir me falar o óbvio, melhor nem vir.
— Deixa eu terminar, cabra sem-vergonha! Você vai pegar todo esse povo aí e vai pegar o caminho para Betel, que foi onde eu te apareci quando cê tava fugindo do seu irmão. E lá você vai erguer um altar para mim.
— Ah, tá! Vou simplesmente levantar, dizer “Ô, cambada, simbora pra Betel” e meter o pé na estrada?
— É isso aí.
— Porra, deus, como você mesmo diria, numfode! Os caras das cidades vizinhas de Siquém estão doidinhos pra pegar a gente. Como é que eu vou passar pelas terras deles, hein, sabichão?
— Confia em mim uma vez na vida. Ninguém vai te fazer nada, eu não vou deixar.
Jacó não acreditou muito nessa história. Mas ficar por ali também não era boa idéia, então achou melhor confiar. E para que deus não tivesse um de seus arroubos de prima donna ciumenta e fulminasse a todos, Jacó pediu a sua família e aos servos que trouxessem a eles todos os deuses que tinham.
— E tratem de trazer tudo mesmo! A partir de hoje, todo mundo aqui vai ter um deus só!
Todos trouxeram seus ídolos e Jacó os escondeu (os ídolos, porra) no oco de um carvalho [“No oco de um carvalho”… Fala isso rápido. Mais rápido. Fica engraçado. “No oco de um carvalho”]. Feito isso, pegaram a estrada, e a bíblia diz que “O terror de Deus foi sobre as cidades que estavam ao redor deles, e não seguiram após os filhos de Jacó”. Em outras palavras, deus soltou uma bufa e ninguém teve a manha de sair de casa.
Jacó e os seus chegaram sem maiores problemas a Betel, onde ele construiu o altar que deus solicitara, e chamou o lugar de El-Betel que, como vocês sabem, significa O deus de Betel.
Débora, ama de Raquel, morreu por ali e foi sepultada debaixo de um carvalho que eles chamaram de Alom-Bacute (O carvalho de pranto). E deus apareceu novamente a Jacó.
— Israel!
— Israel de cu é rola, deus! Meu nome é Jacó!
— Peraí, rapaz! Cê é muito encanado com esse negócio de nome, parece até o PAULO Nunes… Então, eu ia dizendo: Quero que você tenha muitos filhos…
— Já tenho.
— Ah, é verdade. Então. Mas é bom que você tenha mesmo muitos filhos, porque farei de você uma…
— … Grande nação, e da minha descendência sairão reis, meus descendentes serão em maior número que as estrelas do céu e os grãos de areia da praia, e darás a eles a terra prometida a Abraão e Isaque. Tô sabendo do leriado todo. Mais alguma coisa?
— Hum… Deixa eu ver aqui no meu palm, peraí… Filhos… Grande nação… Reis… Estrelas, grãos de areia… Terra prometida… Abraão, Isaque… Luana Piovani…
— COMO?
— Ahan… Nada não. Misturei as coisas aqui. Bom, era só isso que eu tinha pra dizer. Tchau.
— Até mais.
Já sabedor das manias esquisitas de deus, Jacó ergueu ali uma coluna de pedra em louvor a ele e voltou para o acampamento.

Certas pessoas têm sempre um ponto de vista original. Meu amigo Ricardo Cerdeira, autor do genial Quarta Via, é uma dessas pessoas: Para demonstrar que estou mesmo velho, ele se deu ao trabalho de clacular quantos dias eu já vivi até hoje. Resultado: 9862, quer dizer, falta pouco para os cinco dígitos. Ah, Fleury, você me paga…