Depois a gente vê o que acontece com o José no Egito. Por enquanto vamos contar uma história de Judá, irmão dele.
Um dia, visitando um amigo chamado Hira, na terra de Adulão, Judá conheceu a filha de um cananeu. O nome da moça era Sua, então Judá deve ter pensado “Minha? Beleza!” e levou pra casa. Sua deu a Judá três filhos: Er, Onan e Selá
— Sei lá?
— Porra, cê não vai parar com isso?
— Olha quem fala, depois da piadinha infame com a Sua.
— O blog é meu e eu sou infame quando quiser. Agora suma daqui!

Pois então. Quando Er atingiu a maioridade, Judá escolheu uma mulher para ele, de nome Tamar.
— Não vai fazer trocadilho com o nome dela?
— …

Mas deus não ia com a cara de Er. Não se sabe por quê. Ele devia usar bigodinho, ou deixar a unha do mindinho crescer, não sei. Só sei que deus não gostava do cara de jeito nenhum, tanto que um dia resolveu matar o danado.
De acordo com os costumes de então, toda viúva deveria ter como primeira opção casar-se com um irmão de seu marido. Os filhos provenientes dessa união seriam considerados filhos do finado, garantindo assim sua descendência, mesmo morto. Ora, Onan sabia disso, e não gostava nada da idéia. Então quando ia pra cama (ou sei lá onde, acho que não existiam camas na época) com Tamar, fazia tudo direitinho, mas usava a velha técnica de gozar fora para não dar filhos ao irmão morto.
[Arrá! Perceberam? Daí vem o termo onanismo, que nas origens, como podem ver, não tinha nada a ver com masturbação]
Deus não gostou dessa história e resolveu matar Onan também. Judá, vendo que deus estava a fim de deixá-lo sem filhos, ficou com medo de deixar Selá casar-se com Tamar. E saiu-se com essa desculpa:
— Tamar, o Selá é muito novo ainda. Faz o seguinte: volta para a casa do seu pai e fica de luto por lá até que meu filho atinja a maioridade.
Muito bem, Tamar voltou para a casa do pai e Judá não se preocupou em honrar o trato. Só que um dia, precisando supervisionar seus tosquiadores de ovelha em Timna, chamou o velho amigo Hira e foram para aquela cidade, onde a família de Tamar morava. É claro que ela ficou sabendo. Tratou logo de tirar o luto, colocar um véu e ir postar-se no caminho por onde Judá passaria, porque sabia que Selá já era maior de idade mas mesmo assim Judá não aparecera para cumprir o prometido.
Judá a viu de longe e pensou: “Mulher sozinha, de véu, parada no caminho… É puta!”, e foi falar com ela.
— Ooooooooi…
— Ooooooooi!
— Tudo bem com você?
— Tudo.
— Sabia que você é linda?
— Ah, muito obrigada. São seus olhos. Além do mais, você nem tá vendo minha cara.
— Hum… Bom, então vamos direto ao ponto. Tá a fim de dar uma?
— O que você me dá?
— Te mando um cabrito do meu rebanho.
— Bom. Mas como eu vou saber que você vai mandar mesmo o cabrito? Preciso que você deixe alguma coisa como garantia.
— O que você quer?
— Deixa aí o seu sinete com o cordão e o seu cajado
[Os homens andavam com um cilindro pendurado no pescoço, que tinha um símbolo gravado e era usado como carimbo]
— Tá bom.
Concluída a negociação, fizeram o que tinham que fazer, e Tamar ficou grávida do sogro. Depois que ele foi embora, ela voltou para a casa e enlutou-se novamente.
Chegando aonde estavam seus tosquiadores, Judá escolheu um cabrito dos melhores e pediu a Hira que levasse o animal para a prostituta de Timna. Hira foi para lá, mas não a encontrou, óbvio. Perguntou aqui e ali mas ninguém sabia de prostituta nenhuma. Judá achou estranho, mas como ela tinha ficado com seu sinete e seu cajado como garantia, deixou por isso mesmo. Afinal de contas, ele tentara entregar o cabrito, ela é que não aparecia.
Passados três meses, os fofoqueiros (essa raça sempre existiu) foram contar para Judá que sua nora, Tamar, tinha adulterado e estava grávida. Judá, bonzinho como sempre (não nos esqueçamos que foi dele a idéia de vender José), decidiu:
— Tragam ela para fora, para que seja queimada.
O povo, doidinho por uma execução, foi correndo arrancar Tamar de sua casa. Ela saiu com o sinete e o cajado nas mãos, dizendo que o dono daqueles objetos era o pai de seu filho. Judá reconheceu seu sinete e disse:
— Deixa pra lá, cambada. Ela foi pilantra, mas mais pilantra sou eu, que não a dei em casamento ao meu filho.
Tamar não foi queimada e teve gêmeos, que se chamaram Perez e Zerá.

Seguinte: Sempre que eu boto aqui um novo capítulo da história bíblica, tem uma galera que fica sabendo da atualização na mesma hora. Se você quer fazer parte desse seleto grupo, digite seu e-mail ali na “prece”, embaixo da minha linda foto, e clique no logo do “Yahoo Grupos” para assinar a newsletter do Jesus, me chicoteia!

Estamos no meio do deserto. A caravana dos Ismaelitas continua sua viagem para o Egito. Dentro de uma jaula, choramingando, está nosso viadinho, José. De vez em quando ele fala com o bando:
— Pra onde vocês estão me levando, seus desalmados?
— Para o Egito, coisa fofa. Vamos ver se achamos alguma bicha velha por lá que se disponha a pagar um bom preço por você.
— Como vocês são cruéis!
— Nós? Cruéis são seus irmãos, que venderam você por vinte siclos de prata.
— Isso é coisa do Judá, aquele malvado.
— Pára de reclamar, bichinha. Canta uma música aí pra gente, que o caminho é longo e precisamos de distração.
José, que não resistia ao chamado do palco (mesmo o palco sendo uma jaula imunda), não se fez de rogado e emendou um medley de I Will Survive, Macho Man e It’s Raining Men. Os aplausos entusiasmados dos ismaelitas comoveram seu coração, e ele ficou muito triste quando teve que se separar deles. Porque haviam chegado ao Egito e o capitão da guarda do faraó, um tal Potifar, gostou muuuuuuuuuuuuuuuuito de José e pagou por ele o preço estipulado pelos comerciantes de especiarias.
Coisas in-crí-veis vão acontecer na casa de Potifar. Mas antes eu preciso contar a vocês a história de Judá e Tamar. Acho até que vou contar ainda hoje. Aguardem.

Hoje a única coisa que eu qeria era ser o Ashcroft, vocalista da finada banda The Verve, no clipe da música Bitter Sweet Symphony, pra sair andando em linha reta e esbarrando em todo mundo que não desviar de mim. Tá, confesso que fiz isso no metrô. Mas foi pouco. Precisava andar a Paulista inteira assim.
Eu não devia ter saído de casa. E odeio as poucas semanas por ano em que São Paulo resolve mesmo ser terra da garoa.

Estava procurando uma figura para fazer um logo do blog. Não encontrei, então pensei: Por que não desenhar? E pus mãos à obra. Foi um árduo trabalho (levou quase 10 segundos), mas o resultado vale a pena. Vejam só que obra de arte.